sexta-feira, 20 de maio de 2011

Por que não há segurança na/s Cidade/s Universitária/s?


Por que não há segurança na Cidade Universitária?
Escrito por Coletivo A USP que queremos
19-Mai-2011

  • Para garantir um campus seguro é necessário, ao invés da presença da PM, um corpo de funcionários públicos da Universidade que tenha relação com a comunidade e como principal meta a prevenção de delitos.

Ao final do ano passado nos deparamos com uma situação estarrecedora: um estudante morreu após horas sem socorro ao lado da Reitoria da Universidade. Dia 18/05 desse ano, novamente somos surpreendidos com o homicídio de um estudante da Universidade que supostamente sofreria um assalto. Somos solidários aos familiares e amigos dessas vítimas e lamentamos muito os acontecimentos. É hora de dar um basta a esse descaso.

Ao longo desses primeiros meses do ano vimos inúmeras notícias sobre furtos, roubos e até seqüestros relâmpagos no campus. Além disso, sabemos da ocorrência de diversos casos de estupro. Falta iluminação em pontos de ônibus e diversas ruas do campus e, além disso, há muitos locais sem manutenção que se tornam grandes matagais inóspitos dentro da Universidade. Num primeiro momento, pode parecer que a saída para esse problema tão grave é o aumento de policiamento, catracas e câmeras na USP. Mas será mesmo essa a solução?

A USP Butantã é um gigantesco campus, com diversas unidades e pessoas circulando o tempo todo. O que poderia ser um pólo atrativo para a região, de integração e convívio com a comunidade universitária, na verdade é um espaço cercado, fechado à comunidade exterior a seus muros.

USP – Universidade Pública?

Não se entra na USP depois de determinado horário sem carteirinha. Não raro, a Guarda Universitária age de forma discriminatória com a população pobre e negra caso tente entrar na universidade.

Os moradores das comunidades do entorno precisam passar pelas pouquíssimas portarias e muitas vezes ser tratados de forma discriminatória dentro do campus. Não há atividades que sirvam à incorporação e acesso de qualquer pessoa que não tenha vínculo Universitário, ou seja, atraída por atividades acadêmicas (excetuando raras ocasiões).

Quando a Universidade se abre, mantém claramente seu corte social, a exemplo das maratonas privadas (Nike, Pão de Açúcar), de público seleto, que aqui ocorrem.

Como disse o diretor da FEA , a USP é um ‘aquário’, um local sujeito a crimes, porém, ao contrário do que diz, a resposta não é uma Guarda Universitária armada. Temos uma GU alheia à comunidade, preconceituosa (com homossexuais e mulheres agredidas), preocupada centralmente com a defesa do patrimônio e repressão aos estudantes.

A Reitoria ao resumir o debate em "mais polícia no campus" se exime de sua responsabilidade nesta que é a crônica de uma morte anunciada (roubos, seqüestros, morte por inadimplência). Propõe câmera e catracas ao invés de mais pontos de ônibus (inclusive se recusa a atender a demanda de ônibus circular gratuito até o metrô Butantã), iluminação, manutenção e guarda universitária preparada a nos atender.

Na verdade, o que vemos na prática é o descaso com as reais demandas e o investimento das verbas públicas naquilo que não é prioridade para a maioria da comunidade universitária – e nem para a população.

Por uma universidade pública, gratuita, de qualidade e aberta a todos e todas!

Para garantir um campus seguro é necessário, ao invés da presença da PM, um corpo de funcionários públicos da Universidade que tenha relação com a comunidade e como principal meta a prevenção de delitos. Precisamos de mais iluminação, manutenção de toda a estrutura do campus (em dia, sem matagais!) e nos abrir à comunidade que financia essa instituição pública.

Só uma USP que faça parte da realidade da cidade e que entenda de fato seu caráter público pode superar os problemas de segurança.

Militarizar a Universidade não resolve nossos problemas, restringe a autonomia universitária, não mudará a vida dos que aqui trabalham e estudam e subverte o caráter da USP que queremos.

Queremos uma segurança preventiva na Universidade, composta por trabalhadores públicos e gerida pela comunidade, com iluminação e manutenção de todas as áreas do campus, além de democracia na gestão de recursos da Universidade.

USP pública e aberta a todos!

Coletivo A USP que queremos. 



Os "/s" no título da postagem foram inseridos por nós, uma vez que esse tipo de Problema é frequente nas universidades brasileiras, especialmente naquelas que estão em campus.  Vale anotar que, a nosso ver, a "reengenharia" que levou à terceirização de serviços é a grande responsável por isso.  Diz-se que terceirizam-se serviços "não essenciais".  E o que são serviços essenciais? Vale debater os conceitos na área da administração do campus, exatamente como se debate no hiato da sala de aula!

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