quinta-feira, 10 de junho de 2010

A Representação das Mulheres no Discurso dos Filósofos

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GASPAR, Adília Maia. A Representação das Mulheres no Discurso dos Filósofos: Hume, Rousseau, Kant e Condorcet. Rio de Janeiro: Uapê, 2009


Breve comentário

Thereza Martins de Oliveira*


Adília Maia busca compreender as posições dos filósofos Hume, Rousseau, Kant e Condorcet no contexto em que viveram, (século XVIII), época da proclamação dos ideais de igualdade, liberdade e fraternidade e, por outro lado, de muita repressão em relação às mulheres. Aponta e analisa os postulados filosóficos que defendem e as posturas e visões sobre a mulher.

Revela posições destes filósofos que não encontramos nos múltiplos compêndios de filosofia, a não ser em seus próprios textos. Realizou cuidadosa pesquisa nas obras desses autores para fundamentar sua análise.

Hume e Condorcet mostram-se coerentes com os postulados liberais e democráticos que defendem, e, com algumas variações em suas análises, consideram a mulher sujeito de direitos e deveres em igual condição masculina.

Rousseau e Kant contradizem suas posturas filosóficas quando enfocam que a mulher, por natureza, é um ser inferior ao homem.

Os quatro filósofos, objeto de análise da autora, baseiam-se na seguinte pergunta: o que é a natureza feminina?

Os ideais de liberdade e igualdade proclamados no século XVIII e a prioridade da razão sobre o sentimento, perpassam as posições de Hume e Condorcet que argumentam que a igualdade de direitos prevalece constatando que diferenças entre os sexos são adquiridas socialmente, logo são culturais, não naturais; ao passo que Kant e Rousseau, também defensores dos ideais de liberdade e igualdade buscam fundamentar a desigualdade de direitos na diferença da natureza inferior da mulher em relação ao homem.

Do ponto de vista didático, o texto é bem fundamentado enquanto apresenta uma breve biografia dos filósofos selecionados, o contexto político e social, e destaca dos respectivos textos trechos de suas obras sobre a mulher. Sua leitura é agradável e fluente.

A autora elabora análises objetivas calcadas nos pressupostos e afirmações destes filósofos sobre as mulheres, seus deveres e direitos sociais, no casamento, na política, enfim seu papel na sociedade.

Considero que o livro de Adília Maia Gaspar (na foto) deve ser adotado nos cursos de Pedagogia, de ensino de Filosofia para o ensino médio e graduação, pelas questões que levanta para debate em sala de aula, pelos caminhos que abre para se comparar o ontem e o hoje, em relação às posições filosóficas, antropológicas, sociais, políticas e econômicas dos homens e das mulheres.


* Thereza Martins de Oliveira é professora de Filosofia e uma Diretora da SEAF

A proposta feminista de Adília está também no Blog que a SEAF tem a satisfação de indicar como Prêmio Dardos: "Sexismo e misoginia"


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Um comentário:

N. Rodrigues disse...

Eu acompanho o trabalho da Adília há mais de um ano no blog Sexismo e Misoginia e sempre me surpreendo com a quantidade e qualidade das informações que ela tão generosamente compartilha conosco.

Até alguns minutos atrás eu não sabia que ela havia escrito livros, agora já estou em processo de encomendar os dois e muito me alegra que eles sejam recomendados aqui neste espaço filosófico.

Saudações,

Nicole Rodrigues
www.uterovazio.blogspot.com