sexta-feira, 25 de setembro de 2009

É assim que a banda toca?

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Prevendo o imprevisível
25/9/2009

Agência FAPESP – As ações humanas são realmente aleatórias e imprevisíveis? Não necessariamente, de acordo com um estudo feito sobre a comunicação por e-mail e cartas escritas. A pesquisa indicou que esses padrões de correspondência humana podem ser modelados na forma de sistemas matemáticos complexos.


Fatores como o ritmo circadiano, a repetição de tarefas e a mudança das necessidades ocorrida ao longo da vida fornecem informações suficientes para que se possa estimar padrões de envios de cartas ou e-mails.

O trabalho, publicado na edição desta sexta-feira (25/9) da revista Science implica que outros aspectos das ações humanas podem ser modelados dessa mesma forma. Um dos autores do estudo é a brasileira Andriana Campanharo, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que atualmente faz o doutorado na Universidade Northwestern, nos Estados Unidos.

Andriana e colegas analisaram os padrões de correspondência de 16 escritores, políticos, celebridades históricas e cientistas, entre os quais Albert Einsten. O grupo identificou uma “universalidade”, ou seja, um padrão que permeia tanto as cartas escritas como a mais nova forma de comunicação do e-mail.

Segundo eles, um mesmo modelo pode descrever com exatidão os dois padrões de correspondência entre indivíduos, por papel ou eletrônico. Por exemplo, da mesma forma que um autor de um blog pode esperar um aumento em sua correspondência eletrônica depois que seu e-mail for divulgado na internet, Einstein passou a receber muito mais cartas depois que publicou a Teoria da Relatividade, em 1919.

Ou seja, os padrões de comunicação, além da ocorrência aleatória, são também governados pela própria natureza humana, apontam os cientistas. Os modos com que os estilos de vida individuais afetam esses padrões podem ser modelados como um sistema complexo.

“A identificação e a modelagem dos padrões de atividade humana têm ramificações importantes para aplicações que vão da previsão da extensão de doenças à otimização da alocação de recursos. Por causa da sua relevância e disponibilidade, a correspondência escrita fornece um modelo poderoso para estudar a atividade humana”, descrevem os autores.

“Tanto na correspondência por cartas como na por e-mail, os padrões de correspondência são bem descritos pelo ciclo circadiano, pela repetição de tarefas e pelas mudanças nas necessidades de comunicação”, afirmaram.

O artigo On universality in human correspondence activity , de Andriana Campanharo e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.

fonte Agencia FAPESP
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terça-feira, 8 de setembro de 2009

Física Quântica e nós

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Osny Ramos trilhou o caminho de boa parte dos cientistas quânticos. Cético, viveu uma experiência mística e morou durante dois anos em uma montanha, como um ermitão. Tornou-se profundo conhecedor dos pilares da Física Quântica, que estuda há oito anos, mas, principalmente, na aplicação destes conceitos no cotidiano de cada pessoa. No entanto, ressalta que esta aplicação é real, longe de conceitos rasteiros de autoajuda. Prefere construir com observações, estudos e reflexões uma ponte quântica entre esta nova ciência e vários aspectos da sociedade, tais como relacionamentos, carreira e espiritualidade.

Seu perfil é peremptório. Estar na sua presença é mergulhar em novas sensações em torno de um conhecimento ainda rudimentar para a maioria das pessoas, o que para Osny é motivação e entusiasmo em seu discurso, articulado e convincente. Sim, algo está acontecendo e ainda não sabemos bem o que é. E para responder às nossas indagações, Osny bancou a publicação do livro “Física Quântica em nossa vida” (ao lado), que, em uma linguagem acessível, sem ser superficial, traz o assunto para o entendimento popular.

Sem medo de polêmica, Osny encara os desafios de um pesquisador determinado, ao afirmar que foi a “Física Quântica que refutou Einstein!”, ou ainda: “A Física Quântica não precisa do referendo de Einstein para ser verdadeira”.

É graduado em Engenharia Mecânica, bacharel em Filosofia, pós-graduado com especialização em Filosofia da Ciência, mestre em Antropologia Filosófica, e professor de Filosofia e Física Quântica no Instituto de Parapsicologia e Ciências Mentais de Joinville. Há 20 anos estuda e pesquisa a influência dos fótons sobre o psiquismo humano em Psicodinâmica das Cores, e há oito anos estuda a ocorrência de processos quânticos na vida do homem.

Nesta entrevista exclusiva na internet brasileira, porque só recentemente Osny Ramos começou a utilizar este meio para a divulgação de seu trabalho, fala com convicção sobre este tema e completa o título desta entrevista: “Deus joga dados, mas sempre sabe quais os lados que vão cair para cima”.

  • Com o falatório sobre os fenômenos da Física Quântica, já existem correntes céticas acusando todos os que falam sobre o assunto de serem aproveitadores, de utilizarem pesquisas nos ambientes das micropartículas para se promover, e que é impossível utilizar os mesmos critérios no cotidiano das pessoas. Você, como autor de um livro sobre o assunto, o que comenta sobre isto?

Eu já tenho respondido mais de uma dezena de vezes a essa mesma pergunta. Como faço agora, sempre começo dizendo que nós não devemos esperar que o público não especializado acredite nos fantásticos e estonteantes fenômenos que ocorrem na realidade quântica. Pois esses são fenômenos tão fantásticos que o cotidiano intelectual dessas pessoas - no qual se efetiva a maior parte de seu processo cognitivo - não é capaz de oferecer visões ou referências necessárias à sua compreensão. Nem os místicos e religiosos vão tão longe, em suas criações espirituais, quanto às realidades fantasmáticas afirmadas pelos físicos. Primeiramente, devo dizer que se trata de pessoas que não estão lendo sobre Física Quântica ou estão lendo pouco; portanto, eu não devo ser intelectualmente rigoroso com elas, e até poderia desconsiderá-las como interlocutoras sérias para a discussão sobre o assunto. Mas eu escrevi um livro precisamente para o público não especializado, e por isso devo responder à pergunta. Há também aqueles que acreditam que tudo isso seja possível, mas considerado apenas no âmbito da realidade das partículas, e este é o tipo de cético para o qual a minha resposta se dirige, enumerada em 6 diferentes argumentos.

  • Primeiro Argumento

Há algo importante que primeiramente essas pessoas devem saber sobre Física Quântica, que é o Princípio da Simetria, por meio do qual os físicos acreditam que as leis da Física são válidas em todo o Universo e em todos os tempos, as chamadas simetrias P e T, respectivamente, e isso é comprovado por inúmeros experimentos sobre os quais não há nenhuma dúvida. O assunto da simetria é algo profundo em Física Quântica, difícil de ser compreendido nos estreitos limites da compreensão popular sobre o assunto. Portanto, assim como é embaixo é em cima, podemos citar este antigo apotegma taoísta para ilustrar o princípio simétrico de que assim como é na realidade das partículas é na realidade humana.

  • Segundo Argumento

Mas o argumento clássico para fundamentar cientificamente a ideia de que as leis quânticas são válidas também para a realidade humana, é a consideração de que o universo físico e suas leis surgiram de uma realidade quântica. De um grão microscópico de energia com o tamanho de uma Dimensão de Planck, que existia antes do Big-Bang, algo tão pequeno quanto 1 milionésimo de 1 trilionésimo de 1 trilionésimo de 1 trilionésimo de centímetro!!! Nessa energia primordial, as 4 leis físicas com as quais o Universo foi construído – Força de Gravidade, Força Eletromagnética, Força de Interação Forte, Força de Interação Fraca - estavam unificadas numa simetria primordial. Porém, durante o período de 1 centésimo de milionésimo de segundo que durou a expansão inflacionária, ocorreu a quebra de simetria e essas 4 forças passaram a atuar separadamente, para construir a realidade física em que vivemos atualmente. Nessa matriz quântica, a realidade física e suas leis tiveram a sua origem, inclusive as leis que regem a realidade humana. Assim, do mesmo modo que o relógio funciona por meio das leis utilizadas pelo relojoeiro, no seu fundamento físico mais essencial o Universo era uma realidade quântica, de onde surgiram as leis que regem a realidade humana em que nós vivemos.

  • Terceiro Argumento

Há algo mais, ainda. No Experimento da Fenda Dupla – uma experiência emblemática em Física Quântica – fica comprovado que há uma interação algo psíquica entre a partícula que está sendo estudada e a intenção do experimentador. Neste experimento, a mente do experimentador participa da fenomenologia quântica e lhe altera o resultado, assim ficando evidenciado que a realidade quântica – a partícula é uma realidade quântica – atua sobre a realidade humana e vice-versa.

  • Quarto Argumento

Para que o átomo possa existir em seu estado fundamental – estado de mínima energia ou estado fundamental – é necessário considerar que os elétrons que giram ao redor do seu núcleo estejam condicionados pelo princípio do quantum de energia, segundo o modelo de Niels Bohr. Pois somente assim fica explicado o mistério da ruptura que o estado fundamental do átomo faz com as leis do eletromagnetismo, segundo as equações de Maxwell. Portanto, para que existam corpos físicos como o corpo do homem, por exemplo, é preciso que existam moléculas e átomos. Mas os átomos somente existem por causa do princípio quântico. Logo, sem o princípio quântico não poderia existir a realidade física nem a realidade humana. Eu até poderia anuir com esses céticos, desde que eles então dessem outra explicação para a existência de átomos violando as leis do eletromagnetismo.

  • Quinto Argumento

Entre os biofísicos, é sabido que as células vivas se comportam como um dipolo elétrico, isto é, elas vibram emitindo radiação eletromagnética ou fótons. Verifica-se, também, que essas células vivas apresentam spin, uma espécie de movimento de rotação apresentado pelas partículas. Estando relacionada com fótons e spins, isso já é suficiente para vincular a célula ou a vida aos processos quânticos. Porém, o mais admirável é o fato de os spins estarem relacionados com a saúde e a doença. Quando a célula se encontra doente, o seu spin gira para a esquerda, e quando se trata de uma célula sadia, o giro do seu spin é para a direita! É impossível, destarte, negar que os estados de saúde e doença não sejam influenciados pelas leis quânticas da Física das Partículas.

  • Sexto Argumento

Essas coisas fantásticas sobre fenômenos quânticos que acontecem na realidade humana, que ouvimos nos falatórios das avenidas e logradouros, não são ilações dos autores de livros sobre Física Quântica, mas são coisas afirmadas por respeitáveis senhores encanecidos. de olhar grave, ostentando profundas olheiras produzidas por longos períodos de estudos, ganhadores de Prêmio Nobel! Quando alguém duvida das coisas que escrevemos nesses livros, necessariamente, então, é preciso duvidar também desses senhores ganhadores de Prêmio Nobel, e certamente isso é algo que eles não fariam.

  • Vou insistir no assunto: até que ponto os fenômenos quânticos podem ser "vividos" longe dos laboratórios de pesquisa?

Se a resposta dada à primeira pergunta ficou clara, esta segunda pergunta não tem sentido, pois na medida em que existimos, nós vivemos os fenômenos quânticos. É o mesmo que perguntar: Até que ponto os fenômenos celulares podem ser "vividos" longe dos laboratórios de pesquisa? Células são feitas de moléculas, que são feitas de átomos, que são feitos de partículas, que são estruturadas com leis e princípios quânticos. A superestrutura é aquilo que é a infraestrutura. Nas livrarias encontram-se excelentes livros escritos por físicos respeitáveis, sobre a fundamentação de muitos aspectos da realidade humana em princípios de Física Quântica. Mas é preciso ler esses livros, informar-se sobre a Física das Partículas atuando em nossa vida. Eu escrevi um livro precisamente para informar sobre isso: A Física Quântica em nossa Vida. A nossa cultura peculiar – a cultura do homem brasileiro – é típica por fazer juízos sobre coisas que não conhece, e neste processo joga-se fora o feto juntamente com a placenta.

  • Como se processou, no seu íntimo, o contato com realidades metafísicas? Você pode falar brevemente de sua história até atingir seu atual estágio de conhecimento quântico?

Nunca deixo de me admirar como foi possível que em minha vida pudesse existir uma fase em que fui um agnóstico perigoso. Um agnóstico perigoso é aquele capaz de fazer discípulos! Então eu era um jovem engenheiro recém-formado, deslumbrado com as coisas admiráveis que a racionalidade clássica e o formalismo matemático da ciência eram capazes de explicar. Todavia, eu também tive a minha Estrada de Damasco, figurada pelo topo de uma montanha onde eu vivi durante 2 anos, em meditações profundas ao meio-dia e ao entardecer. Vivendo ao modo de um eremita, num ranchinho de chão batido e coberto de palha, e de onde desci com a barba negra crescida e longos cabelos caindo pelo ombro, já sendo conhecido pelo povo da região como o Eremita da Montanha.

Das fantásticas experiências psíquicas que experimentei na montanha, o homem ateu que subiu a montanha de lá desceu como um metafísico espiritualista. Desde então eu me abri intelectualmente para as realidades ontológicas mais rarefeitas das nossas experiências, inapreensíveis pela lógica das causalidades utilizada pela racionalidade clássica da ciência tradicional. Mais tarde, depois de 20 anos estudando o poder psíquico das cores com base na fenomenologia do fóton refletido – resultando na produção de dois livros sobre o assunto das cores – minha mente tomou contato com os processos da Física Quântica, pois o fóton é o elemento quântico mais emblemático representativo da Quantística.

Se você fica muito tempo mexendo com flores, o perfume delas acaba ficando em suas mãos. Assim também ocorre com a Metafísica da Luz: quem fica muito tempo estudando a natureza do fóton, acaba ficando por muito tempo pertinho de Deus. O fóton ou luz é a realidade física mais espiritual, a única partícula que é eterna e não possui massa. Entre a luz e Deus fisicamente nada mais existe! Este convívio com o fóton, agora intensificado com os meus estudos em Física Quântica, consolidou em mim a condição de homem metafísico espiritualista, sem ser místico. No curso de Física Quântica que eu ministro a distância (o leitor não deveria deixar de fazê-lo) essas fantásticas experiências psíquicas são narradas com detalhes.

  • Muitos afirmam que Einstein criticou a Física Quântica nas três últimas décadas de sua vida, e que por esse motivo ela não tem a credibilidade necessária. A pergunta é a seguinte: quanto tempo ainda pode demorar para se ver a inserção deste novo paradigma na ciência?

Desde o início, e não apenas no fim da sua vida, Einstein foi contrário aos postulados da Física Quântica. Mas é preciso esclarecer que ele não rejeitou a realidade dos processos quânticos, solidamente verificados por seus colegas físicos. Ele apenas achava que esses processos eram aspectos ainda desconhecidos da Física, que poderiam ser mais bem conhecidos por um estudo mais profundo da realidade. Einstein não aceitou os chamados saltos quânticos do átomo, propostos por Niels Bohr, para quem ele respondeu que Deus não joga dados! O fato é que, efetivamente, os saltos quânticos existem e assim, de fato, Deus joga dados, mas sempre sabe quais os lados que vão cair para cima. Assim podemos arrematar em boa Física Quântica e em boa Teologia. Foi a Física Quântica que refutou Einstein!

Não é verdade que, por causa da incredulidade de Einstein, a Física Quântica não tem credibilidade científica. Por Deus, isso não é verdade! Uma pessoa cientificamente informada sabe que a Física Quântica cada vez mais se afirma como a última expressão da ciência. Quando, em 1929, Edwin Hubble provou que o Universo está em expansão, esta descoberta refutou a teoria einsteiniana de um universo estático. Para salvar a sua teoria, Einstein havia inventado uma constante cosmológica, colocada à mão na sua equação, para deste modo fazer o Universo permanecer estático. Mais tarde, no fim de sua vida, Einstein confessou que a constante cosmológica havia sido o maior erro de sua vida. Mas nem por isso devemos jogar fora o feto juntamente com a placenta, e o grande físico alemão não perdeu seu valor por causa deste erro. A Física Quântica não precisa do referendo de Einstein para ser verdadeira. A Física Quântica não é um construto teórico inventado pelos físicos; antes de Max Plack ter topado com o quantum da energia, em 1901, as leis e os princípios quânticos já estavam lá, na natureza, mesmo antes que houvesse intelectos para afirmá-los ou negá-los. A Física Quântica é uma revelação da natureza para um espírito que efetivamente quer conhecê-la em sua essência!

Toda mudança de paradigma é precedida por um período de revolução epistemológica, quando então temos de conviver com espantos e perplexidades intelectuais. Este é atualmente o período por que passa a Física Quântica. Por isso mesmo, eu tenho insistido, em meu livro, sobre a necessidade da humildade intelectual do físico quântico, em travar diálogos com todos os setores pensantes da sociedade, inclusive com o conhecimento místico e religioso. Pois a Física Quântica é essencialmente uma física de probabilidades, onde tudo é suscetível de existencialidade. Desde Eugene Wigner, Nobel de Física, vem se afirmando, nos setores de vanguarda da Física Quântica, a ideia de que o fundamento último da realidade é uma grande consciência, e que o Universo e suas coisas foram planejados por uma intencionalidade oculta, que os físicos chamam de Princípio Antrópico. Tem um bocado de gente que desde o princípio do mundo chama isso de Deus!

Tem sido objeto de muita insistência minha deixar claro que a Física Quântica nada de novo apresenta: a sua contribuição é mostrar cientificamente que as coisas estranhas que achávamos absurdas na boca dos místicos e religiosos, agora podem ser admitidas como sendo verdadeiras. E sem precisarmos ser místicos ou religiosos, para os que são intelectualmente preconceituosos. Daí porque a Física Quântica desde sempre já ter garantido o seu paradigma de verdade afirmado pelos povos das diferentes épocas e lugares; afirmado pelas pessoas intelectualmente simples, das avenidas e dos logradouros, das igrejas e das barbearias...

Em seu verdadeiro fundamento mais essencial, a Física Quântica nos informa sobre a estrutura da realidade, ali onde há fenômenos e processos. Mesmo que se trate daqueles fenômenos chamados paranormais ou espirituais, dos quais a racionalidade clássica newtoniana da lógica das causalidades sempre manteve um exagerado e preconceituoso distanciamento intelectual. Agora, quando o rigor metodológico dos experimentos científicos comprova a interação entre as partículas observadas e a mente do observador, e a consciência parece fazer parte do substrato ontológico da realidade física, impõe-se inevitavelmente que a Física Quântica tenha o seu ponto de chegada numa Ontologia da Consciência. E que, deste modo, se apresente aos espíritos epistemologicamente abertos também como uma ciência da espiritualidade.

Foi precisamente este o objetivo que eu tinha em mente quando escrevi A Física Quântica em nossa Vida: interpretar, para o público não especializado, o significado das leis e dos princípios quânticos. E sempre com fidelidade ao espírito da ciência, explicando como eles atuam sobre a realidade do cotidiano do homem, para em seguida mostrar como é possível utilizá-los na vida prática, de segunda-feira a segunda-feira, direcionados para a produção de contextos favoráveis à concretização dos nossos projetos e atividades. No mundo inteiro ainda não se tem notícia de outro livro escrito com este objetivo, preservando a identidade cientifica.

  • Fale-nos um pouco mais do seu livro "A Física Quântica em nossa Vida". Como está sendo sua repercussão e aceitação pelas pessoas? O que o levou a conceber a obra? Qual o seu processo criativo em um assunto tão, digamos, espinhoso?

Em língua portuguesa, atualmente, são publicados excelentes livros sobre Física Quântica, escritos por físicos com grande conhecimento sobre o assunto – talvez uma dezena de títulos encontre-se disponível nas nossas livrarias. Esses livros contêm tudo o que é preciso saber, para se ter uma boa compreensão sobre as leis e os princípios quânticos. Todavia, depois de terem lidos esses livros, tem sido comum ouvir as pessoas dizerem que não entenderam patavina, e o assunto sobre Física Quântica continua a ser grego para elas. Isso é compreensível, pois é extremamente difícil falar sobre a realidade quântica e seus processos, e mais difícil se torna quando se trata de falar para um público popular. Meu livro foi escrito para esse público popular; para o indivíduo dos cotidianos intelectualmente simples das avenidas e dos logradouros, numa linguagem clara e compreensível.

Nesse livro as leis e os princípios quânticos são interpretados em seus significados essenciais, de um modo fiel ao espírito da Física Quântica. Em seguida é explicado como essas leis e princípios podem ser utilizados na vida real das pessoas, para produzir contextos favoráveis e concretizar projetos e atividades. Diferenciando-se completamente desses ensinos com o nome de autoajuda, o livro orienta as pessoas em como adotar atitudes e comportamentos capazes de sintonizá-las com as leis e os princípios da Física Quântica. Em síntese, o livro demonstra que em seu fundamento mais essencial a Física Quântica mostra um fundamento metafísico e espiritual da realidade, porém sem misticismo ou religiosidade, isso é importante ressaltar.

  • Qual a relação entre Física Quântica e Espiritualidade? Como você pode comentar isto?

Quando o físico Frances Louis de Broglie descobriu que as partículas possuíam também uma dimensão ondulatória, além de uma dimensão corpuscular, a realidade cósmica passou a ser compreendida apenas como uma parte bastante pequena de uma grande totalidade invisível. A ideia de que algo pudesse existir concomitantemente como partícula e como onda era extremamente difícil de ser aceita pela comunidade dos físicos, pois ela exigia uma ruptura com paradigmas da Física Clássica. Pois nessa sua dimensão ondulatória as partículas podem existir fora do tempo e do espaço, não estando sujeitas aos condicionamentos impostos nem pelas leis da Física nem pelo Princípio de Causalidade. Era necessário admitir um fantástico modo de existência para as partículas, inimaginável até mesmo pelos místicos e religiosos. Niels Bohr ganhou um Prêmio Nobel ao explicar como isso é possível, ao formular o seu famoso Princípio de Complementaridade.

As consequências advindas da Mecânica Vibratória de Louis de Broglie e do Princípio de Complementaridade para a realidade cósmica em que todos nós vivemos são tão fantásticas que chegam a ultrapassar, em nível de transcendência, tudo aquilo que os místicos e religiosos afirmavam sobre a realidade espiritual da alma do homem. Se você ler dois textos, um sobre mística e outro que trate sobre as possibilidades da realidade quântica, não será capaz de distinguir entre um e outro. Existem alguns experimentos clássicos em Física Quântica que comprovam isso, como o Efeito de Não Localidade, O Experimento da Fenda Dupla, a Correlação Quântica, por exemplo. Ademais, quando você adquire uma lúcida compreensão de certos conceitos em Física Quântica, como o de Função de Onda, Colapso da Função de Onda, Correlação Quântica, Emaranhamento Quântico, Princípio Antrópico, em especial, é intelectualmente impossível não admitir um substrato metafísico para a realidade física, um substrato como que psíquico, como que espiritual.

O Princípio de Simetria diz que as leis da Física Quântica são válidas também para a macrorrealidade, e, portanto, para a realidade humana. Em meu livro faço uma análise profunda do Princípio de Simetria, colocando em realce as evidências que comprovam que tudo o que acontece no mundo das partículas acontece também na realidade humana. Quando utilizamos a ideia de simetria consoante o Princípio da Complementaridade, o fundamento ondulatório da realidade passa então a lhe conferir um irrefutável substrato metafísico, em nada sendo menos imponderável do que um substrato de espiritualidade.

* Manoel Fernandes Neto, 46 anos, é jornalista, pesquisador de comunidades digitais, escreve e edita revistas na Internet. Criador e editor da revista NovaE. ( www.novae.inf.br ), Prêmio Ponto de Mídia Livre do Ministério da Cultura, 2009.

Estraído de NovaE

Stressionismo, a arte de sempre...

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Manifesto do Stressionismo

O interesse do Stressionismo, não está ligado nem mesmo à própria poética do movimento (fundamentada na ausência de poética) que não pode ser considerado um movimento, mas sim um surto. O conceito imagético e iconográfico é justamente a busca pelo não conceito (o automóvel conceito de hoje, é o modelo obsoleto do amanhã). Stressionismo é o fim dos paradigmas, receitas e padrões (justamente por já vivermos numa sociedade padronizada e mecanizada) impostos à arte, por autoridades discursivas, que a ditam e impedem seu livre exercício e o seu avanço.

Stressionismo é negar a estética? É derrubar os cânones da sociedade? É um resgate das vanguardas artísticas? NÃO! Stressionismo não é a busca por uma nova estética, não é a procura de novas linguagens, signo ou simulacro; é reciclagem estética. Stressionismo é: saturação da imagem.

O Stressionismo já nasceu pré, já nasceu pós, já nasceu “neo”, já nasceu “dês”, por isso é desnecessário falar em vanguarda. Stressionismo é a arte sem receita, é mistura, reciclagem, reconstrução, é a quebra da linearidade do tempo, é a história que se funde através dos tempos, reinventando o mundo, mesclando passado, presente e futuro, no mesmo instante. Tendo como resultado uma prática de infinitas possibilidades, de correlações imagéticas, que podem perdurar por séculos em constantes mutações, numa permanente recodificação de dados.

Stressionismo é arte virtual, porque arte não se define na matéria, é estado de espírito, é limpar a arte das impurezas e devolver todos os detritos ao seu lugar habitual, é priorizar o sensitivo em detrimento do materialismo.

Se a arte tem como objetivo a contemplação, a arte stressionista não quer ser contemplada, ela só quer ser pensada. Stressionismo é contra o irracionalismo e o informalismo da arte contemporânea, que transforma o objeto artístico em algo ininteligível. Stressionismo é contra o stress.

Stressionismo é a solução? Provocação? Contradição? Divergência? O Stressionismo é a favor da crítica, porque todo artista é um crítico, porém, nem todo crítico é artista. É a arte da ação ou reação? Stressionismo é a quebra da subjetividade artística, das verdades absolutas, dos “dogmas” da arte; para se fazer valer o verdadeiro sentido e entendimento da palavra liberdade, ou não.


Vertentes Stressionistas

  • Charlatanismo Abstrato

    Fazem parte do charlatanismo abstrato, todos aqueles que se intitulam artistas e que só produzem obras estritamente de cunho comercial, utilizando-se da obra de arte somente como um produto, objetivando o fazer artístico como um modo de produção visando o lucro.
  • Dês stressionismo

    Pertencem ao grupo do dês stressionismo todo aquele que busca na arte uma forma de dessestressar-se, fazendo uso dela com terapia ocupacional ou arte-terapia.
  • Pós stressionismo

    Fazem parte do pós stressionismo, todos e quaisquer indivíduos, que possam futuramente, criar ou desenvolver movimentos artísticos, a partir do ano de 2003, devendo então exaltar o surto stressionista como a gênese, a fonte, a inspiração.
  • Stafonismo concreto

    Faz parte do stafonismo concreto, todo artista que vivencia situações de stress concentrado como: a crítica infundada, falta de inspiração, as imagens perdidas causadas por “pau” no HD, disquetes, perda da memória, e afins, filas de banco para pagamento de contas diversas, propaganda política, ônibus lotado, carro da pamonha, enlatados americanos, enfim, todo e qualquer fator que possa vir a ser um “agente stressor”.

  • A Atitude stressionista

    Abolir as telas pincéis e tintas da pintura e na gravura a matriz será considerada como obra, porque hoje já existem as máquinas de xerox e as impressoras a laser e a jato de tinta. Na fotografia, a eliminação do foco, a revelação será produzida com todas as luzes do laboratório fotográfico acesas, a fotografia stressionista é digital.

    Só será permitido no desenho o uso do mouse, que aciona o cérebro eletrônico, transformando-o em suporte.

    O stressionismo vai separar a dança da música e a música da dança. O stressionismo quer ouvir o silêncio sem deixar de ser silenciosamente barulhento.

    O stressionismo quer defender a culinária quanto arte, comer é privilegio de poucos (e a arte também!)!

    A única corrente que o stressionismo apóia é a corrente no portão durante noite.

    A filosofia stressionista é a filosofia do bar, reduto contemporâneo de discussões que permite ao artista ver dobrado e experienciar o efeito op arte, mesmo sem ter visto obra alguma.

    O stressionismo quer destruir as releituras das obras de arte, colocando no lugar a “errei a leitura” da obra de arte.

    Na escultura o stressionismo vai de encontro ao movimento estático. O stressionismo quer discutir a tridimensionalidade do bidimensional e a imaterialização do material. A imaterialidade, eliminando o discurso arbitrário da crítica de arte sobre o objeto/obra, no sentido de quebrar as regras impostas sobre a estruturação e instauração da obra de arte.

    A dissolução das fronteiras entre os suportes e as linguagens artísticas. A mistura dos gêneros artísticos, épocas e tendências, a quebra da linearidade do tempo.

    O stressionismo cancela a assinatura na obra de arte e lança a logomarca stress, evitando assim injustiças como a que fizeram a Van Gogh, que pintou mais de setecentos quadros rejeitados e hoje valem milhões por conter a sua assinatura.

    O Stressionismo cria a dia mundial da COR, onde esse elemento estará em evidência, devendo ser apreciado sem moderações dando ênfase ao vermelho, principalmente no trânsito, onde desrespeitar uma cor resulta sempre em desastre!


STRESS – O INÍCIO

O neologismo estresse ou stress foi utilizado primeiramente na Física, para traduzir o grau de deformidade sofrido por um determinado material (metal), submetido a um esforço ou tensão. O Dr. Hans Selye (médico), transpôs a palavra stress para as ciências biológicas, aplicando-a na medicina, significando-a como o esforço de adaptação do organismo, para enfrentar situações adversas ou que comprometam o equilíbrio interno do mesmo.

Hoje usamos a palavra Stress indiscriminadamente, para definir diversas sensações que temos. Geralmente sendo empregada a situações de desgaste ou negativas. Portanto é necessário ressaltar que: estresse ou Stress significa também, situações prazerosas, reações orgânicas e psíquicas de adaptação que o organismo emite quando está exposta a qualquer estímulo que excite ou o faça feliz; apreciar uma obra de arte ou produzi-la, por exemplo. Então por que não se falar em Arte e Stress?


A CRÔNICA STRESSIONISTA

No início do século XX, o francês Marcel Duchamp, inaugura o seu "ready-made" intitulado "Fontain" - um urinol assinado com vulgo de R. Mutt – O trabalho foi enviado para um importante salão de artes, manifestando sua indignação e o seu repúdio frente à ditatorial academia de artes, que até o presente momento ditava todas as regras do fazer artístico. Essa atitude subversiva, paradoxalmente transformou-se posteriormente na nova academia, fundamentada em princípios autoritários e princípios, conceitos e dogmas; tendo a Anti-Arte paradoxalmente como o grande expoente das vanguardas artísticas e da sociedade industrial. Surgem então dezenas de movimentos, condensados a condenar o passado, decretando seu confinamento e instaurando o radicalismo de seus manifestos. O Futurismo, por exemplo.

Escreveu Marinetti: “Nós declaramos que o esplendor do mundo se enriqueceu com uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um automóvel de corrida com seu cofre adornado de grossos tubos como serpentes de fôlego explosivo... um automóvel rugidor que parece correr sobre a metralha. É mais belo que Vitória de Samotracia”. Segundo o stressionismo o automóvel hoje, signo de status e poder é a maravilha que promove o caos das metrópoles, o transtorno do trânsito, a poluição ambiental, poluição sonora e mata devido à imprudência de muitos condutores. Condenou a tradição: “Nós queremos demolir os museus, as bibliotecas, combater o moralismo, o feminismo e todas as covardias oportunistas e autoritárias”.Por ironia do destino é justamente nestes espaços que encontramos toda a ação da fúria futurista, se renderam ao facismo e a mulher se tornou um signo de poder e sensibilidade e o feminismo foi uma revolução regada a igualdade de direitos. Enfim, O Dada surge como uma forma de “anarquia a anti-arte. Se o Dada não significa nada, como afirmou Tzara, o Stresionismo é contra o nada e a favor do tudo, pois o tudo também contem o nada. Em torno de toda a “irracionalidade” praticada pelo dadaísmo surge Breton, que poetiza toda a ação Surrealista (que é também influenciada pela pintura metafísica de Giorgio de Chiricco (que por sua vez também pintou naturezas mortas)).

A fuga para o irreal, distante das guerras e atrocidades que assolavam a Europa. A arte do inconsciente, o automatismo-psíquico, o onírico. O surrealismo foi baseado no sonho, o stressionismo é a falta de tempo para se dormir e atingir um estado profundo do sono necessário para se atingir o sonho, sonha-se acordado, sonha-se com o hiper-realismo contemporâneo onde real e imaginário fundem-se a todo instante. Onde um 11 de setembro ainda para muitos parece ser uma cena de cinema, onde a guerra não cessa, seja ela química, biológica, psicológica, militar, civil ou religiosa.

A segunda guerra foi um elemento de cisão na cultura e na história da arte européia, contribuindo para a fuga surrealista e levando a arte, ao [...] Surgem então Malevich , Mondrian e Kandinsky (este último que antes pintava como os impressionistas). O Suprematismo acrescentou ao mundo da arte, a suposta “supremacia” da imagem através dos quadrados de Malevich influenciando o Construtivismo Russo. Para o Stressionismo o quadrado significa píxel parte (abstrata) indispensável e fundamental para figuração. A funcionalidade e o racionalismo da Bauhaus que desencadeou hoje o chamado Design (idéias compartilhadas também pelo Purismo de Lê Cobusier e o Espirit Nouveau) levando as idéias da arte para outros segmentos da sociedade, deturpando o sentido do ato criador para longe das telas. Para o Stressionismo a função da arte não é nem mesmo a contemplação. Criar uma obra de arte hoje, para ser contemplada é como se cometer um crime.

A retomada das vanguardas da segunda metade do século XX, período do pós-segunda guerra, é novamente uma tentativa de reinvenção da arte, o período dos ‘neo’. A Pop- art chega como veículo da sociedade consumista e individualista , onde Warol afirmava erroneamente e contraditoriamente a morte da arte. Ao contrário da afirmação de Warol, para o Stressionismo a arte não morreu, mas sim se espalhou incontrolavelmente, que hoje é impossível praticamente identificá-la com um olhar superficial de mundo. Se o Minimalismo construía grandes obras (em dimensão) é o mínimo de recursos com o máximo de expressão, o Stressionismo é máximo de expressão com o máximo de recursos reduzindo a obra a um universo de imagens compactadas somente num pequeno disco.

Nessa tentativa de reinventar a arte também surge o Happening, a performance, que não passam de um teatro remodelado (não muito distante daquele em honra a Dionísio, e dos escritos por Ésquilo na Grécia antiga onde se originou a tragédia). Por falar em tragédia, nos deparamos ainda com a Land-art, como se já não bastasse o estrago causado pelo homem a natureza. A Land-art não se desloca do circuito comercial, ao contrário, vincula a sua marca aos nomes dos artistas.

Ocorrendo uma inversão de valores: à construção de obras não-comerciais, comercializadas como fotografias e filmes. Para o stressionismo o homem já interfere demasiadamente no meio ambiente, a natureza já cria suas próprias obras de arte e no Brasil essa prática de obras no meio do nada foi elaborada fora do campo da arte com a rodovia transamazônica.


CONECTIVIDADE

A Palavra “Conectividade” é mais do que um “neologismo” frente à efêmera e dinâmica comunicação a partir da suposta pós-modernidade em que vivemos. É antes de tudo estar “mergulhado” em um novo universo. O universo virtual. “A virtualização... consiste em uma passagem do actual ao virtual...” (LÉVY, 1996, p.17). virtual é potencializar todos os canais de informação, é um campo aberto a ser destrinchado. Podemos falar em conectividade nas mais distintas esferas ou segmentos em nossa sociedade, fazendo-se uso da tecnologia. O acesso a essa tecnologia vem crescendo famigeradamente dia após dia como uma infindável bola de neve que nos atinge cada vez mais a todo instante.

Hoje estar conectado significa, interagir com um mundo de possibilidades e a quebra das fronteiras geográficas, unindo pessoas e culturas. Gerando uma ruptura de padrões, que se faz necessária uma reflexão e um discernimento maior, sobre o uso coerente desses novos meios de comunicação e como se processa toda essa informação. Ou seja: esse excesso de informação tem que ser “filtrado” para se evitar um empobrecimento cognitivo no sentido amplo da palavra, para se fazer valer tudo que realmente acrescente e contribua para a evolução social, econômica, cultural e artística. No âmbito artístico tudo isso se processa de forma interativa, descolando o espectador, do estado de elemento passivo a um interventor. Hoje ele se conecta, navegando por hipertexto, estímulos auditivos e visuais, permitidos pela arte eletrônica, numa interação homem-máquina.

O computador entre outros meios serve como instrumento, veículo e ferramenta de ligação a uma nova realidade inovadora na criação. Esse novo imaginário se apresenta de forma híbrida, autônoma e distancia-se do discurso e do racionalismo exacerbado da arte moderna, indo ao encontro do experimentalismo, a desmaterialização e a desconstrução do objeto artístico, desvelando a civilização virtual. O artista contemporâneo compartilha todo o seu âmago e subjetividade, nesse processo de “virtualizaçao” em busca da quebra do sentido tempo-espaço. Assim até poderíamos imaginar como se comportariam gênios como Van Gogh operando em bits, fazendo seus corvos sobrevoarem os trigais.

Frente a todo esse novo panorama, o artista desenvolve esse papel de desvelar essas novas possibilidades, conseqüências, inovações tecnológicas e imagéticas, repletas de hibridismos (dissolução das fronteiras entre os suportes e linguagens). As imagens são produzidas agora a partir das fontes mais diversas, a arte eletrônica é o palco que se apresenta de forma múltipla e variável, complexa, instável, infinita; tornando os artistas e público, cada vez mais diversificados, sem qualquer referência a padrões estéticos pré-estabelecidos ou institucionalizados, desmaterializando a obra de arte em correntes elétricas, cálculos matemáticos.

Esse experimentalismo dos novos meios, desenvolve a chamada cibercultura, a cultura do “Remix” e da reprodutibilidade da obra de arte. Imagens, codificadas, re-codificadas, transversal e interdisciplinar em torno do pensar-fazer. Porque é esta necessidade de criar imagens, inata ao ser humano, que permite a continuarmos desenvolvendo novas tecnologias, linguagens, onde homem e máquina dialogam, interagem entre real e imaginário. Porém, por outro lado, existem outros aspectos que não são pertinentes á arte. Suas condições de produção se encontram inseridos num contexto social e político, sujeitando a um conjunto de pressões (stress).


O VELHO DE NOVO

Podemos dizer então que a tecnologia contribui para a formação do novo, seja ele estético, cultural, temporal, social. Mas a investigação sobre o novo, não se constitui somente em função da tecnologia ou da arte. Para os cidadãos cosmopolitas, padronizados através de uma sociedade baseada no consumo, e nesse sentido, o novo também reflete no comportamento da metrópole, em seu cotidiano.

Para melhor esclarecer esse pensamento sobre o novo é preciso citar exemplos ou situações desse comportamento. Tomando como base, por exemplo, a moda, ou melhor, o “estar na moda” ou seguir uma determinada tendência.

Como produzir um novo modelo de sapato? Isto se torna um desafio, devido aos diversos modelos já inventados, de diversas formas, cores, moldes etc. Um sapato novo não significa um sapato recém-fabricado, mas sim um recém-modificado esteticamente.

Para solucionar o problema da indústria, foi criado então o 'sapa tênis'. Um misto de sapato+tênis para a mesma função. A sapa tênis demonstra uma importante realidade sobre o novo: hoje se cria o novo a partir do velho. O novo é nada menos que o velho remodelado.

O cidadão necessita desse novo para se manter na “crista da onda” da sociedade. Utiliza seu sapa tênis , devidamente adequado para sua calca boca de sino com bolso especial para transportar um telefone (que é radio, internet, tv, câmara fotográfica e video), desloca-se para a nova boate, que vai tocar em primeira mão, o novo hit do momento, uma versão techno do Elvis, em seu novo fusca (New Beatle).

Essa situação me faz constatar que o novo, não é somente exclusividade da arte e ele pode estar em qualquer parte. Hoje o sentido de maravilhoso não se dirige a uma pintura, mas a um vestido, por exemplo. Esse comportamento vivenciado cotidianamente pelos cidadãos transfere-se também para as vanguardas artísticas do século XX e um de seus grandes dilemas: Negar o passado, em nome do novo. Então uma pergunta paira sobre nossas cabeças, como seria possível criar o novo sem utilizar-se do velho?

A melhor solução abordada até agora, por alguns artistas contemporâneos, por enquanto, no meu modo vista: para solucionarem seus problemas em criação ou elaboração do novo, adotam uma estratégia semelhante ao exemplo citado da indústria, recorrendo à releitura de obras, e a movimentos artísticos, como a tendência atual da pintura o neo-expressionismo, numa constante reinvenção.

O grande destaque da mega exposição patrocinada pela Zuid Corporation, traz como grande atrativo ao público a releitura de um determinado quadro, de um determinado pintor renascentista, em forma de esculturas humanas. Na sociedade da imagem, sempre é preciso estar atento a esses pequenos, mas importantes fatores, na leitura do novo; a nossa realidade gira em torno do “velho de novo”, que pelo fato de ser tão antigo se torna novidade, principalmente para as novas gerações.

Não se pode apagar o passado, ele é parte fundamental para a constituição do novo, ainda mais quando se fala em arte. A vanguarda, na sua elaboração do novo, é extremamente dependente da história (do passado) para mover-se, embora na maioria de seus manifestos, é constante a negação deste.

P.S. – Dicionário Aurélio, pág 41.
ARTE Sf.Capacidade que tem o homem de dominando a matéria, por em prática uma idéia. (2) As artes Plásticas. (3) Os preceitos necessários à execução de qualquer arte. (4) habilidade; engenho. Profissão. (6) Maneiras, modo.(7) bras. Travessura.

Wilson Inacio

Extraído de NovaE

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Entrevista a Manoel Fernandes Neto

A arte pode ser inspirada pelo estresse do cotidiano? Um grupo capitaneado pelo artista visual Wilson Inácio acreditou que sim, e lançou o Manifesto do Stressionista, em 2007, o qual já conta com um ambiente de rede, além de inspirar diversas atuações artísticas pelo País. Wilson, que foi professor da Universidade Estadual de Londrina, nas disciplinas Crítica e História da Arte, e atualmente desenvolve um trabalho como arte-educador no Ponto de Cultura Malha Cultural e Cidadania, de Cambé, conversou com a NovaE sobre o Manifesto e sua multiplicação.

Em sua opinião, qual a relação entre Internet, estresse e arte?


Das palavras mencionadas acima, a mais antiga é arte, que sempre esteve presente nos tempos mais remotos da atividade humana, manifestando-se em sentido "especular", ou seja, é reflexo dessa sociedade que se deixa influenciar por ela, porém não como agente passivo, mas como agente de transformação social. É possível encontrar vários exemplos na história da arte. O Modernismo brasileiro, por exemplo, foi um movimento artístico que lançou os seus reflexos na sociedade, apesar de ser formado por cidadãos pertencentes às oligarquias paulistas da época, fato que difere muito dos nossos tempos atuais, pelo surgimento da Internet, que é a grande vitrine servindo de palco para as mais distintas manifestações, e tendo a arte eletrônica como o grande expoente da contemporaneidade, através de seus novos processos, meios de comunicação, etc. O estresse é o chamado "mal do século". O uso da palavra estresse é aplicado em termos genéricos, a varias atividades. E por que não ser aplicado também à arte em seus inúmeros desdobramentos? A Cibercultura ou cultura do "Remix" alia todas as possibilidades de criação artística, devido aos novos meios de produção imagética; tudo é um misto, tudo é hibrido, tudo é remix.


ARTE + INTERNET + ESTRESSE = Contemporaneidade.

Trocando em miúdos: arte (como expressão da contemporaneidade), aliada à Internet (veículo máximo da sociedade da informação). Estresse reflexo comportamental contemporâneo.


Íntegra da entrevista em NovaE

Link da figura, na figura
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domingo, 6 de setembro de 2009

Gregos como faraós

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Como a cidade de Eráclion foi fundamental
na conquista de "Alexandre, o Grande" sobre o Egito

(ou) De como o Imperador "Alexandre, o Grande" se tornou faraó...

9 min 32 seg e 10 min 12 seg

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

USP é a 38ª melhor universidade do mundo

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USP é eleita a 38ª melhor universidade do mundo
2/9/2009

Agência FAPESP – A Universidade de São Paulo (USP) está entre as 100 melhores universidades do mundo. A USP ocupa, atualmente, o 38º lugar entre as 100 melhores universidades do mundo, segundo o ranking Webometrics Ranking Web of World Universities, elaborado pelo Ministério da Educação da Espanha.

Os resultados, divulgados no final de julho, referem-se ao ano de 2009. A classificação da USP corresponde a um avanço de 49 posições, se comparado com a última edição anunciada em janeiro de 2008. Além disso, a USP é a primeira na América Latina e no país.

O ranking existe desde 2004 e é publicado duas vezes ao ano, em janeiro e julho. O Webometrics classifica 6 mil instituições no plano mundial, dentre 17 mil avaliadas. Entre os critérios estão incluídos indicadores de pesquisa e de qualidade de estudantes e docentes, além da visibilidade e o desempenho global da instituição.

Universidades dos Estados Unidos dominam o topo da lista, ocupando as 21 primeiras posições no Webometrics. As três primeiras são, pela ordem, Instituto de Tecnologia de Massachusetts e as universidades de Harvard e Stanford. No Brasil, a USP é a primeira, seguida da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Também faz parte dessa classificação o Ranking of World Repositories Top 300 Institutions, que atribui notas às instituições por meio das bibliotecas digitais de dissertações e teses. Neste ranking, a USP ocupa o 57º lugar, o que significa um crescimento de 29 posições em relação a 2008.

Já na edição 2009 do Performance Ranking of Scientific Paper for World Universities, do Higher Education Evaluation & Accreditation Council of Taiwan, a USP ficou no 78º lugar, subindo 22 posições em relação a 2008. O ranking avalia a pesquisa desenvolvida, levando em conta critérios de produtividade, impacto e excelência na investigação científica.

Mais informações: neste link AQUI



Autodefesa intelectual ou como não cair em falácias


Combate à exclusão racional

3/9/2009

Por Fábio de Castro

Agência FAPESPPensar criticamente – isto é, ser capaz de reconhecer e formular bons argumentos – é uma prática fundamental para o exercício pleno da cidadania e da democracia. Mas, apesar de ser uma necessidade tão universal, a intimidade com a boa argumentação não é uma realidade para grande parte da população, que, por conta disso, fica exposta a todo tipo de falácias e argumentação enganosa.

Com a finalidade de combater essa “exclusão racional”, acaba de ser lançado o livro Pensamento crítico – O poder da lógica e da argumentação, de Walter Carnielli e Richard Epstein. Segundo os autores, a obra tem como objetivo servir de guia para a boa argumentação e, ao mesmo tempo, de instrumento de “autodefesa intelectual contra as falácias do mundo contemporâneo”.

Carnielli, professor do Departamento de Filosofia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência da mesma universidade, e Epstein, diretor do Advanced Reasoning Fórum no Novo México, Estados Unidos, também escreveram em conjunto a obra Computabilidade, funções computáveis, lógica e os fundamentos da matemática, que em 2007 foi um dos ganhadores do Prêmio Jabuti, na categoria Ciência Exatas, Tecnologia e Informática.

Os dois livros são produtos do Projeto Temático “Consequência lógica e combinação de lógicas – Fundamentos e aplicações eficientes”, apoiado pela FAPESP e coordenado por Carnielli. De acordo com o professor, Pensamento crítico se baseou na obra Critical thinking (2001), escrita por Epstein com sua assistência e colaboração, que se tornou um best-seller nos Estados Unidos. A colaboração entre os dois autores é intensa há mais de 25 anos.

Segundo Carnielli, um dos diferenciais da obra é abordar o pensamento crítico de maneira fundamentada, diferentemente de outras obras que tratam o tema, em geral, como retórica e técnica de argumentação, sem base sólida na lógica.

Nosso livro é um guia da arte de pensar criticamente a partir de bases lógicas. Ele preenche uma lacuna, uma vez que em línguas latinas não há praticamente nada sobre o assunto e, mesmo nos Estados Unidos, não há um livro que trate do pensamento crítico de maneira fundamentada, sistemática e ao mesmo tempo voltada para o grande público”, disse Carnielli à Agência FAPESP.

Segundo ele, o livro é dirigido a um público amplo com o objetivo de contribuir com o acesso à cidadania. “Da mesma forma que falamos em exclusão digital, podemos falar hoje em exclusão racional, ou exclusão argumentativa. Se a pessoa não tem acesso às bases da boa argumentação, será facilmente enganada”, disse.

Carnielli indica como um dos destaques da obra o fato de sua análise não se limitar a argumentos válidos ou inválidos, mas se estender também às noções de bons argumentos e de argumentos fortes. Segundo ele, os bons argumentos e os argumentos fortes – ou "tão bons quanto possível" – são aqueles argumentos sólidos que as pessoas gostam de ouvir e querem saber usar.

Apresentamos, de forma sistematizada, uma teoria da argumentação com bases sólidas na lógica contemporânea – passando também pela teoria clássica da argumentação, partindo de Aristóteles e levando em conta todo o desenvolvimento posterior da lógica – com bases claras e simples”, explicou.

Ao aproximar argumentação e lógica, a obra adquire uma grande amplitude de aplicações práticas, úteis para vestibulares, concursos públicos, exames de todo tipo e práticas profissionais de jornalistas, professores, advogados, juízes, políticos, médicos e cientistas, por exemplo. “O livro pode ser utilizado por um público que vai de estudantes de colégios a parlamentares”, disse.

Jiu-jitsu da argumentação

O uso de exemplos cotidianos e de ilustrações bem-humoradas (incluindo diversas tiras) são destaques da obra que contribuem para aumentar a proximidade do pensamento crítico com a realidade dos leitores. “Embora tenhamos mantido a estrutura conceitual da edição norte-americana, a versão brasileira foi completamente refeita, com o uso de exemplos do cenário público nacional, incluindo política, televisão, jornalismo e cartoons”, disse Carnielli.

O livro é dividido em quatro partes principais: “As bases fundamentais”, “A estrutura dos argumentos”, “Como evitar os maus argumentos” e “Argumentos com base na experiência”.

A primeira parte trata de definir o que é o pensamento crítico, o que são frases vagas e ambíguas, o que são bons argumentos, quais os princípios da discussão racional, os critérios básicos para rejeitar ou aceitar afirmações e a diferença entre plausibilidade e verdade.

A segunda parte explica o que são as afirmações compostas, os argumentos complexos e as generalidades – ensina, em resumo, como compor bons argumentos. Já a terceira parte ensina a detectar maus argumentos: afirmações ocultas, apelos emocionais e falácias estruturais ou falácias de conteúdo.

A quarta parte, além de fazer um inventário de falácias, devidamente classificadas, ensina a boa utilização de analogias e generalizações, entre outras. Um dos capítulos finais é reservado aos elementos da semântica da lógica proposicional propriamente dita, embora rudimentos da lógica de predicados permeiem o livro todo, na medida em que se fazem necessários.

Podemos dizer que se trata aqui de um ‘jiu-jitsu da argumentação’. A ideia é instrumentalizar o leitor para se defender das falácias. Nas duas últimas partes tratamos de mostrar, por exemplo, como enganar com números e estatísticas, como usar a falsa precisão e falsos positivos e como deturpar gráficos e médias. Fazemos também uma relação das falácias famosas – incluindo a lista [negra] das falácias mais perigosas”, explicou o professor da Unicamp.

O livro levou cerca de sete anos para ser feito. “Escrever em linguagem simples é mais difícil e demorado do que se expressar por símbolos lógicos e fórmulas matemáticas. Mas isso era necessário para que o livro fosse acessível e cumprisse sua missão”, disse.

Segundo Carnielli, o pensamento crítico traz grandes vantagens competitivas no mundo contemporâneo, no qual todos são submetidos a pressões de argumentos falaciosos que inundam a internet, a publicidade e o jornalismo, por exemplo. Além disso, ele garante uma orientação racional para que se possa tomar posição sobre os debates sociais polêmicos, que passam por temas como aborto, criacionismo ou direitos humanos.

“Todos esses temas estão presentes no livro. O conhecimento da boa argumentação permite que tomemos decisões melhores e que possamos lutar por nossos direitos em todos os campos. Podemos usar o pensamento crítico para avaliar e-mails maliciosos, boatos e notícias falsas, ou para desmascarar, sob um discurso aparentemente coerente, a superstição e o obscurantismo”, destacou.

Pensamento crítico – O poder da lógica e da argumentação
Autores: Walter Carnielli e Richard Epstein
Lançamento: 2009
Preço: R$ 34
Mais informações: www.livrariacultura.com.br

Extraído de FAPESP

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Uma contribuição desta postagem:

A intervenção no parágrafo de nº 16 - [negra] - é nossa (da postagem). Na argumentação, há de se cuidar dos vocáculos que identificam qualquer forma de xenofobia. O movimento negro brasileiro entende que quando chamam "lista negra" está sendo imputado um sentido à "negra" que, por extensão e etc... etc... Há vários escritos a respeito. Afinal, para se referir aos especialistas em falácias e truques, no mundo do poder (que é branco) - se quiser qualificar a lista -, acertado será qualificá-la como "branca", pois tem sido essa etnia a imperialista das diferentes formas de exclusão.
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A História da SEAF ou a SEAF na História - 1

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Um pouco das referências à importância da SEAF: no período de seu aparecimento; como provocadora do retorno da Filosofia ao ensino médio; em articulação nacional e... continuando hoje...

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... Aqui chegou a Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficas (SEAF), aportando na Paraíba, em 1979, trazida pelo professor Antônio Rufino Vieira.

... Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficos (SEAF): com sede no Rio de Janeiro. A SEAF já teve expressão nacional e desempenhou importante papel nos debates pela volta da filosofia ao ensino médio, no final dos anos de 1970 e início dos anos de 1980. Depois do retorno opcional, naquela época, sua atuação enfraqueceu-se significativamente, mas vem sendo retomada nos últimos anos. Em 2001 e 2002 promoveu encontros estaduais de professores de filosofia.

... No final de 2001, a diretoria da SEAF - Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficas do RJ, esteve presente por duas vezes ao Café Filosófico e propôs a instalação junto a esse grupo de uma representação da SEAF, prevista para 2002. (UBM)

... No meio deste processo de abertura e democratização política, em 1975, quando a Lei 5692/71 começa a cair no descrédito, funda-se o Centro de Atividades Filosóficas que depois passou a denominar-se de Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficos (SEAF). O SEAF teve uma ação decisiva no movimento pela reintrodução da filosofia no ensino do 2° grau se engajando na discussão, tendo como objeto de ação e reflexão o retorno da Filosofia no 2° grau.

O SEAF, segundo Gasparello (1986: 77-89) e Simon (1984: 8-10), promoveu amplos debates, cursos; elaborou documentos, visando sensibilizar as autoridades da necessidade de se reestruturar o 2° grau e da importância da filosofia nesse grau de ensino. No período que vai de 1977 a 1985, o SEAF, junto a outras entidades filosóficas, organizou o I, II e o III Encontro Nacional dos Chefes dos Departamentos de Filosofia que ocorreram no Rio de Janeiro (1981), Goiânia (1982) e Santos (1983). O I Encontro formou uma Coordenação Nacional do Departamento de Filosofia e elaborou um documento sobre a Filosofia no 2° grau que ficou conhecido como o “Documento do Rio de Janeiro”. O II Encontro aprovou o documento sobre “Reintegração da Filosofia no Currículo do 2° grau” entregue à Ministra da Educação Esther de Figueiredo Ferraz, que garante a recomendação da Filosofia junto às Secretarias Estaduais e aos Conselhos de Cultura.

Outros grupos e associações filosóficas como Convivium, AFB, IBF, CONPEFIL - Conjunto de Pesquisa Filosófica - também se empenharam nesta luta, mas é o SEAF que desenvolveu um trabalho mais intenso, inclusive junto as Secretarias de Educação Estaduais ...


... Ainda na década de 1970, começam a surgir movimentos que al¬mejavam o retorno da Filosofia no nível médio. Em 1976, por exemplo, foi fundada a Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficos – Seaf –, que congregava professores e estudantes de filosofia e organizou, nas esferas re¬gional e nacional, encontros, simpósios e ciclos de conferências de filosofia (Cadernos Seaf, 1978). ...


... O quarto e último momento é chamado de “presença controlada”, que vai desde a redemocratização política pós 1980 até a publicação da nova LDB em 1996. É nesse período que é criada a Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficas (SEAF), em 1975, como resposta à retirada da filosofia do currículo secundário (Lei 5.692/71).

O SEAF nasceu devido à crase necessidade de se criar um espaço alternativo para a discussão de idéias, compartilhar estudos, etc, atividades inviabilizadas nos cursos e departamentos de filosofia das universidades por causa da grande vigilância imposta pelo regime militar. O SEAF fazia parte de um movimento de protesto contra a exclusão da filosofia, movimento que reivindicava a volta da disciplina ao currículo escolar. Esse movimento contou também com outras importantes referências nacionais, tais como a CONVÍVIO (Sociedade Brasileira de Cultura); o CONPEFIL (Conjunto de Pesquisa Filosófica); a ABFC (Associação Brasileira de Filósofos Católicos); o IBF (Instituto Brasileiro de Filosofia), etc.

A filosofia voltou ao currículo no Rio de Janeiro, como “noções de filosofia”, pelo Parecer CEE nº 49, de 21 de janeiro de 1980.

A desarticulação da SEAF em âmbito nacional – restando apenas a SEAF-RJ – repercute até hoje, pois com a obrigatoriedade da filosofia no ensino médio, faltam ainda – como já foi dito acima – diretrizes de como será esse ensino, suas características e objetivos. Essas perguntas seriam mais bem respondidas, ou melhor, discutidas se houvesse um sindicato – ou uma sociedade, no caso a SEAF – que assumisse essa responsabilidade junto ao Ministério da Educação trazendo propostas e objetivos para um ensino de qualidade.

E para que não aconteça, insistimos, é necessário ou a reestruturação do SEAF em âmbito nacional ou a criação de um novo organismo que possa juntamente com as secretarias de educação de cada estado estabelecer diretrizes para o ensino de filosofia no Brasil...


A Constituinte em debate: colóquio realizado de 12 a 16/05/1986, por iniciativa do Depto. de Filosofia da USP, sob a coordenação dos Prof. Luis Roberto Salinas Fortes e Milton Meira do Nascimento. São Paulo. Sofia editora SEAF. 1987.

... A filosofia no Brasil não conseguiu se popularizar, apesar de esforços consideráveis de pessoas como os professores Henrique Nielsen Neto (1988) e Antônio Joaquim Severino (1992) e de instituições como a SEAF (Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficas). ...
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CARMINATI, Celso João. O Ensino de Filosofia no II grau: do seu afastamento ao movimento pela sua reintrodução (A Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficas – SEAF).

1997. 195 f. Dissertação (Mestrado em Educação). Centro de Ciências da Educação – UFSC, Florianópolis.
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... Esse processo de luta culminou com a criação da Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficas (SEAF) que, como frisa PEGORARO (1980, p.1)

Surgiu da preocupação que vivíamos em 1975-76. A censura e o burocratismo cego dominavam também o meio universitário. Isto gerava profundo desânimo entre os professores e alunos. Todo projeto aberto esbarrava em entraves intransponíveis. O silêncio e o isolamento tiveram como consequência principal a improdutividade e a queda de nível, notadamente no âmbito dos Departamentos de Filosofia que sofreram censura mais forte. Enquanto que a Sociologia política, graças ao amparo recebidos até de organismos internacionais, fazia excelentes progressos no análise crítica do subdesenvolvimento e do processo de dependência dos países periféricos; enquanto a Teologia articulava os discurso da libertação, a Filosofia perdia altura e caia nas mãos de chefes departamentais fiéis ao regime ou acabava controlada por sociedades cujos líderes eram também auxiliares de ministros fascistas ou organizadores de cursos nas escolas da estratégia militar.

A SEAF tornou-se um espaço alternativo para denunciar e criticar as medidas impositivas do Estado em relação à educação de maneira geral e à disciplina de filosofia, em particular. Além disso, possibilitou, por meio de publicações dos “Cadernos SEAF” e dos “Debates Filosóficos”, a veiculação nacional de textos e debates sobre o tema contando com a contribuição de filósofos brasileiros preocupados com a formação dos alunos do segundo grau.

Ainda segundo PEGORARO (1980, p.3) a SEAF deve ser entendida como “...um movimento intelectual que visa a criatividade e a produtividade filosófica que interprete a situação do homem na contemporaneidade. O movimento da inteligênica atenta ao processo, exige estruturas leves e sempre em adaptação. Isso não poderia ocorrer se a SEAF fosse uma empresa de congressos com donos estabelecidos”. Foi dentro dessa perspectiva de entendimento que a SEAF consolidou-se em 1978 e em 1980 já estava organizada com núcleos estruturados em 17 estados, entre os quais o Paraná.

A SEAF- Regional Paraná , criada, basicamente, por uma significativa parcela de professores de filosofia do curso de Bacharelado/Licenciatura em Filosofia da UFPR, concentrou suas atividades, principalmente, em três frentes: a) promovendo encontros e seminários junto aos núcleos regionais de ensino da Secretaria da Educação, para sensibilizar professores, diretores e inspetores de escolas sobre a importância e as vantagens da inclusão da filosofia na grade curricular; b) contribuindo com a organização e articulação do movimento pela volta da filosofia em âmbito nacional; c) divulgando artigos e resenhas sobre o tema, publicados na revista “Textos SEAF”, editados pela própria SEAF-Regional Paraná entre os anos de 1980 e 1985.

Em julho de 1984, alguns professores do Departamento de Filosofia da UFPR e alunos do curso, participaram da reunião da SBPC, realizada em São Paulo, na qual apresentaram um relatório das atividades desenvolvidas pela SEAF-Regional Paraná em relação a reinclusão da filosofia no ensino de segundo grau. De acordo com a nota publicada em 17 de julho de 1984 pelo jornal Gazeta do Povo “Em seu relatório foi destacado que com a criação da Seaf no Paraná... em 79, o movimento pelo retorno da filosofia, que já vinha se esboçando desde praticamente a reforma de 71, ganhou novo impulso e profundidade, saindo dos contatos a nível meramente político para procurar colocar toda a comunidade a par da situação.”

O relatório também enfatiza, segundo a nota, que foi enviado um ofício ao Conselho Estadual de Educação solicitando o seu parecer sobre a possibilidade de reinclusão da filosofia nos cursos de segundo grau. A resposta do Conselho foi negativa sob a alegação da falta de estudos específicos que justifiquem tal decisão. Pode-se concluir daí que esse argumento é mais político que, propriamente, técnico-administrativo, pois as forças representadas nos Conselhos, via de regra, não tinham interesse em aprovar essa disciplina como integrante do currículo.

O relatório aponta ainda que: - em 1980 um grupo de professores de filosofia apresentou, no IV Simpósio Nacional da SEAF, um texto intitulado “O ensino da filosofia no Paraná”, o qual destaca os principais problemas dos cursos de filosofia da UFPR e da PUC-Pr; - foram realizadas, aproximadamente, 15 reuniões com alunos e professores sobre o tema; - em 1983 o Departamento de Filosofia da UFPR e o SEAF participaram do I Encontro Paranaense de História e Educação; - ainda em 83 finalizou-se um projeto para a disciplina de filosofia com programa e sugestões de conteúdos, que foi encaminhado ao Conselho Estadual de Educação (mesmo com o apoio do Departamento de Segundo Grau da Secretaria da Educação, o projeto não foi atendido); - ao lado desse trabalho de pressão junto aos órgãos oficiais, iniciou-se um trabalho com a comunidade dos professores e alunos (nesse sentido, membros do SEAF participaram do encontro realizado pelo Núcleo Regional de Curitiba, com diretores e inspetores de ensino, evidenciando-se um consenso entre a proposta de filosofia da SEAF e a questão da reestruturação do ensino médio proposta pela Secretaria da Educação); - em Curitiba foram feitas visitas a 30 colégios levando informações e esclarecimentos, bem como, buscando apoio da comunidade escolar, que na sua grande maioria mostrou-se favorável à reintrodução da filosofia na grade; - realizou-se uma pesquisa em cinco colégios de Curitiba para verificar a posição dos estudantes em relação à disciplina de filosofia (em julho de 84 essa pesquisa ainda não tinha sido concluída, por isso seus resultados não foram incluídos no relatório apresentado na SBPC); - entre 24 a 29 de junho de 1984, em Curitiba, alunos e professores ligados ao SEAF participaram do seminário sobre “Reestruturação do 2º Grau”, realizado pela Secretaria da Educação, que debateu as propostas apresentadas pelos núcleos regionais de ensino do Estado (GAZETA DO POVO, 18/07/84, p.10).
Geraldo Balduino Horn – DTPEN/UFPR para visualizar

... Esse processo de luta culminou com a criação, em 1975-76, da Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficas (SEAF).

No final do período de repressão, com o início da abertura política, a Lei 5.692/1971 recebeu uma emenda, por meio da Lei Nº. 7.044/1982. A partir daí, a Filosofia poderia fazer parte do currículo, mas era concebida em todos os cursos de 2º. Grau como disciplina complementar, ou mesmo atribuindo-lhe caráter de optativo. Isso limitou bastante o espaço para o ensino de Filosofia, com ações de inclusão isoladas, atendendo a interesses nem sempre muito claros ou compatíveis com o que se poderia esperar da Filosofia. Em alguns casos, a maneira como foi incluída e o que foi feito com a Filosofia em sala de aula, serviu para reforçar os argumentos daqueles que são contrários ao ensino de Filosofia, afirmando que a Filosofia na escola será apenas um espaço de atuação para padres e pastores conservadores exerceram sua doutrinação. ...
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A filosofia é obrigatória, mas isto é pouco!

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A filosofia é obrigatória, mas isto é pouco!

Jan-Fev/2009

Por Celso João Carminati*

Durante a ditadura militar brasileira (1964-1985), boa parte da formação escolar brasileira, foi direcionada para a profissionalização. Com este intuito, e tendo como pressuposto a formação aligeirada para o mercado de trabalho, disciplinas humanísticas foram excluídas do currículo de ensino médio.

Assim, boa parte da juventude, ao menos aquela que tinha acesso aos bancos escolares, perdeu parte significativa de sua formação, submetendo-se aos modelos de formação apressados impostos às escolas pela reforma educacional nº 5.692, de 1971.

A reação de professores, alunos e intelectuais em geral a esta realidade foi imediata. Em meados da década de 1970, no Rio de Janeiro, foi fundada a Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficas – SEAF. Rapidamente esta entidade agregou professores de outras áreas, e se tornou um importante espaço de encontro, discussão e preparação de textos e publicações para dar fôlego às investidas dos militares contra a liberdade de expressão, sobretudo de cátedra. Lembro que alguns professores universitários de filosofia mais críticos foram aposentados compulsoriamente, outros foram vigiados em suas atividades de ensino e pesquisa.

Com o arrefecimento da ditadura, e a abertura política lenta e gradual, após a aprovação da anistia, supostamente ampla e irrestrita, o debate em torno das conseqüências da profissionalização avançou e culminou com mudanças na lei nº 7.044 de 1982, que alterou dispositivos referentes à profissionalização e permitiu a presença de Filosofia no currículo enquanto disciplina optativa.

A presença da Filosofia no ensino médio foi pouco alterada, pois algumas escolas a re-introduziram nos currículos, e apenas alguns Estados se dispunham a legislar sobre o assunto.

Com a redemocratização e um inevitável esvaziamento dos espaços de lutas dos professores, o movimento pelo retorno da filosofia só conseguiu se rearticular na segunda metade dos anos de 1990.

Algumas iniciativas, como a do Estado de Santa Catarina, a tornou obrigatória no currículo no ano de 1998. Ainda assim, ocorreram outras iniciativas sem sucesso na Câmara dos Deputados, mas sua obrigatoriedade só se tornou lei, a de nº 11.684/2008 em 02 de junho de 2008, quando foi sancionada pelo Vice-Presidente da República. Isto foi possível devido a alteração do artigo 36 da LDB nº 9.394/1996. A lei estabelece no seu inciso IV: ”serão incluídas a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do ensino médio”.

Depois de 37 anos ausentes dos currículos de ensino médio, a filosofia volta a ser obrigatória nas escolas brasileiras. Isto, porém, não é suficiente, pois um texto de lei não garante que a filosofia de fato volte a ser parte obrigatória dos currículos, pois se sabe que o currículo é um campo em disputa e que a presença de novas disciplinas significa a redução de carga horária de outras já existentes. Mesmo assim, os sistemas de ensino terão um prazo de um ano para se ajustarem a nova realidade e apresentarem a filosofia como parte obrigatória do ensino médio.

Mesmo com essas dificuldades encontradas, sobretudo, por se tratar de uma lei que poucas pessoas estarão vigilantes para saber se a mesma foi cumprida ou não, temos ai um importante instrumento de formação mais crítica para os estudantes do ensino médio.

* Professor na UDESC e autor do livro: “Professores de Filosofia: Crise e Perspectiva”. (Editora UNIVALI, 2006).

Extraído de Jornal da Educação
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UFBA tem Bacharelado em Gênero e Diversidade

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Tem por finalidade preparar profissionais/técnicas/os para o planejamento, execução e avaliação de políticas públicas com enfoque de Gênero e Diversidade.

Com a formalização de acordos internacionais e pactuações nacionais e estaduais em torno da questão de Gênero e Diversidade (raça/etnia, idade/geração, orientação sexual etc.) há uma demanda por profissional/técnica/o especializada/o para o trabalho com estas questões.

Os cargos que esta/e profissional pode ocupar, dentre outros, são:

a) Assessoria técnica de Ministérios, Secretarias e outras Instituições Públicas;
b) Técnicas/os de ONGs, Instituições Filantrópicas e Fundações;
c) Coordenação e execução de pesquisa em instituições públicas e privadas;
d) Carreira acadêmica em instituições públicas e privadas;
e) Técnica/o especializada/o em gênero e diversidade em empresas com programas de responsabilidade social e equidade.

Destaca-se que a questão de gênero é transversal, portanto a demanda por profissionais tende a crescer em todo o território nacional.

Maiores informações sobre o curso:
http://www.neim.ufba.br/site

Sobre o vestibular UFBA/2010: http://www.vestibular.ufba.br

Profa. Dra. Iole Macedo Vanin
Coordenadora do Curso.
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A exclusão midiática não é por acaso

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Grande mídia e a criminalização da pobreza

Gizele Martins
Qua, 26 de agosto de 2009 17:19

Em meio ao subdesenvolvimento e consequentemente às diferenças sociais vividas pela maioria da população brasileira e mundial, nos deparamos com uma sociedade que só enxerga e trata o outro de forma excludente. O que não é por acaso. Segundo a sociedade capitalista, imperialista, é preciso que uns tenham mais acesso, oportunidades e direitos do que outros. Isso significa, em termos práticos, que muito poucos - se considerarmos a proporção de ricos e pobres no mundo - serão aqueles que terão acesso irrestrito a bens e serviços. E é exatamente este restrito grupo que comandará as coisas, como acontece desde a fundação do capitalismo no mundo.

E os meios de comunicação são os grandes apoiadores dessa sociedade do capital, pois é por meio deles também que se aliena, é por meio deles que se influencia toda a sociedade, seja na vida política, na vida pessoal etc. O seu papel é o de mostrar sempre a versão do capital, estar sempre contra os trabalhadores, os movimentos sociais e o desenvolvimento equilibrado e justo do país. Ela é uma comunicação que favorece e sempre favorecerá a minoria rica.

Eu, como moradora de favela, vejo esta exclusão midiática de perto. Quantas vezes a mídia fala o que realmente existe nas favelas? Quantas vezes mostrou, ou mostra, que ali existem pessoas trabalhadoras, estudantes, gente que quer apenas seu direito de viver? A mídia quando entra na favela é só para cobrir assuntos ligados à violência, isso quando ela relata a verdade do que ocorreu. E isso nada mais é do que mais uma forma de influenciar a população. Com isso, as pessoas acabam reproduzindo preconceitos sobre o morador de comunidade. Os que moram fora dizem que somos vagabundos, sujos, violentos, entre outras coisas mais. Há uma generalização, todos os meninos são vistos como bandidos, e todas as meninas são vistas como vagabundas, além de relatarem que todos os moradores de favela são preguiçosos, que só não conseguem estudar, trabalhar e etc. porque não são interessados.

Isto não é verdade! Seguramente mais de 90% dos moradores de favelas nada mais fazem do que trabalharem, do que tentarem sobreviver todos os dias. Tudo isso, toda essa reprodução de conceitos que são mostradas nos meios de comunicação fazem com que a maioria das pessoas não respeite o que realmente somos. Muitos moradores não assumem morar em comunidades por conta do preconceito existente e disseminado na sociedade. Exemplo disso é na hora da procura por emprego. É difícil nessas horas você dizer que é morador de comunidade. Pois muitas das vezes, você nem recebe o telefonema de confirmação de currículo.

Nossos governantes, aqueles que votamos de quatro em quatro anos, não nos atendem. Todos sabem que dentro das favelas há diversos problemas, seja o de habitação, de saúde, de educação, de saneamento básico, e aquele que é considerado o mais grave: a violência. Mas, eles nada fazem para resolver estes problemas, pelo contrário, o que se percebe é que por suas atitudes excludentes, reproduzem o que toda a sociedade acha.

Põem caveirão - veículo blindado usado pela polícia nas incursões em favelas - para "resolver" o problema de segurança, põem Postos de Saúde, sem nenhum preparo de atendimento, nos oferecem escolas precárias. As faculdades públicas deveriam estar lotadas de estudantes de classe baixa, mas estão cheias de pessoas que podem pagar instituições particulares. Além disso, o Estado apóia ainda a entrada de Ong's nas favelas, com o discurso de salvar mais um pobrezinho, mais um favelado.

Até quando vamos ter que agüentar isso, até quando vamos tapar nos olhos para isso tudo, até quando vamos aceitar essas injustiças, até quando vamos ter que clamar pelo direito à vida?

Outro exemplo da injusta segurança e da desonesta mídia que temos é o caso de Matheus Rodrigues, menino de 8 anos, que há um mês foi assassinado pela Polícia Militar na porta de sua casa, no Complexo da Maré, uma das maiores favelas do Rio de Janeiro. E isso não aconteceu apenas com o Matheus não, todos os dias ocorrem isso em nossas comunidades, todos os dias nos deparamos com esta dura e cruel realidade. Há três anos, morreu Renan Rodrigues, de 3 anos. Há aproximadamente quatro anos, morreu Carlos Henrique, de 11 anos, todos eles crianças e inocentes, também moradores da Maré. Eram meninos que queriam apenas ter o dinheiro de brincar, de sorrir, de estudar, de sonhar com o seu futuro. Mas os seus desejos, os seus sorrisos, foram todos covardemente enterrados.

Isso por causa do precário policiamento que temos, por causa do massacre que é cada vez mais claro em todas as favelas da nossa cidade, do nosso país. Esse extermínio é cada vez mais claro quando se trata do pobre, do negro e do favelado, seja em que lugar ele for, ou esteja. E estes, nunca fugirão disso, sempre carregarão no peito as marcas cruéis e preconceituosas da sociedade. E como eu já disse, preconceitos estes que na maioria das vezes são produzidos, lançados pela grande mídia.

Fonte: Blog O Cidadão

Extraído de socialismo.org.br
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Liberdade de expressão & corporações midiáticas - EEUU

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Chomsky: A liberdade de expressão é propriedade das corporações midiáticas nos EEUU

ABN
Ter, 25 de agosto de 2009 16:09

Noam Chomsky

Caracas, 25 Ago. ABN.- Se bem que a liberdade de expressão foi uma conquista dos estadunidenses nos anos 60, hoje está sob o controle de grandes corporações midiáticas que pertencem aos que ostentam o poder econômico.

A premissa pertence ao ensaísta e linguista norte-americano Noam Chomsky, que na segunda-feira passada (24 agosto 2009) ofereceu uma conferência magistral na Sala Ríos Reyna, do Teatro Teresa Carreño, em Caracas.

"Nos Estados Unidos o sistema sócio-econômico está projetado para que o controle dos meios esteja nas mãos duma minoria, dona de grandes corporações (...) e o resultado é que sob o manto da 'liberdade de expressão' estão sempre os interesses financeiros desses grupos".

Destacou que as corporações midiáticas são especialistas em desviar a atenção dos grandes temas para centrar a opinião pública em questões como a moda ou o espetáculo em diversos momentos da conjuntura.

Apesar disso, ressaltou que os meios foram os responsáveis pela vitória do atual Chefe de Estado norte-americano Barack Obama, o que, a juízo de Chomsky, contribuiu para a crescente decepção que rodeia o mandatário, porque chegou à presidência sob um lema publicitário que carecia de discurso político.

"Esta decepção com Obama era previsível. Seu lema de campanha foi 'mudança e esperança', mas nunca especificou em que sentido e isso é o que eles sabem fazer, mercadejar os candidatos da mesma maneira que promovem um pasta de dentes", disse o intelectual estadunidense.

Por isso, Chomsky agregou que para falar de liberdade de expressão, os Estados Unidos devem passar obrigatoriamente por permitir o uso dos meios sem que a mão dessas corporações maneje o conteúdo do discurso.

Essa postura foi respaldada pelo economista Michael Albert, que acrescentou que exercer o direito a expressar-se sem restrições nos Estados Unidos implica necessariamente a luta contra as grandes corporações midiáticas que têm o poder sobre o que transmite através da televisão, da rádio e da imprensa.

"A liberdade de expressão é um importante valor para a sociedade norte-americana (...) Mas o que não se adverte é que os que creem exercê-la na plenitude, o fazen sob os desejos dos donos do império midiático e isso em definitivo não é liberdade", sentenciou.

Fonte: Agencia Bolivariana de Noticias

Chomsky propõe Zona de Paz na América Latina ante pretensão militarista dos EEUU

Caracas, 24 Ago. ABN.- Ante a ameaça estadunidense de manter presença militar através de bases na Colômbia, o linguista e ensaísta político norte-americano Noam Chomsky propôs a instalação de uma Zona de Paz na América Latina.

Destacou que a participação e o apoio dos Estados Unidos nos golpes militares no continente devem preocupar as nações, situação que se agrava com a instalação de soldados e armas norte-americanos na América do Sul com a desculpa de "luta contra o narcotráfico".

Na sala José Félix Ribas, do Teatro Teresa Carreño, em Caracas, Chomsky explicou que neste século a América do Norte já apoiou três golpes de Estado: Haiti, Venezuela e Honduras.

Indicou que a administração Obama não só apóia o regime instaurado em Honduras como continua treinando cadetes desse país na Escola das Américas. Diante disso, espera que a reunião extraordinária da União das Nações Sul-americanas (Unasur) resulte numa posição contundente.

"Deveria haver uma declaração forte opondo-se à militarização do continente e à presença estadunidense nas bases militares colombianas", expressou Chomsky, que destacou que os Estados Unidos não toleraria as intervenções que, com a desculpa do apoio à democracia, este país faz nos outros.

Colocou a necessidade de que na reunião da Unasur se apóie uma proposta para a criação de uma Zona de Paz como um objetivo que se pode lograr em conjunto, e revelou que estas bases militares na Colômbia, ainda que não representam um gasto significativo no orçamento estadunidense, são muito valiosas pela posição estratégica e pela zona energética onde se localizam.

Manifestou que, além das bases e da militarização do continente, a Unasur poderá tocar em temas como o problema da dependência da exportação de produtos primários como o petróleo, e o impacto ambiental do sistema sócio-econômico que predomina na região.

"As transformações que se estão fazendo na Venezuela para criar outro modelo sócio-econômico pode ter um impacto global se esses projetos se realizam de maneira exitosa", explicou o lingüista, e definiu o modelo estadunidense como suicida, e deste sistema disse: "Pretende impor-se como remédio para os males que o mesmo causa", destacou.

Fonte: Agencia Bolivariana de Noticias

Qualquer incitação das bases militares pode justificar uma guerra

Caracas, 24 Ago. ABN.- A instalação das bases militares estadunidenses na Colômbia gera um clima sumamente perigoso na América Latina, porque qualquer provocação ou incitação que ocorra através da fronteira de outros países pode desatar uma guerra.

Assim o considerou o linguista e ensaísta político Noam Chomsky durante a conferência oferecida sesta segunda-feira na Sala José Félix Ribas do Teatro Teresa Carreño, em Caracas.

Chomsky indicou que a vinculação da Colômbia com a potência armamentista é por si mesma una provocação, e enfatizou que, em situações similares de la historia, foram atritos aparentemente de escala menor os responsáveis pelas guerras.

O ensaísta norte-americano instou os países da região a fortalecer a unidade e rechaçar em bloco e de maneira contundente a localização do componente militar na Colômbia na reunião da União das Nações Sul-americanas (Unasur) que se realizará nesta sexta-feira (28 agosto 2009).

Recordou que a instalação das bases na Colômbia é resultado da retirada dos componentes belicosos de Manta, no Equador, após a negativa do presidente desse país, Rafael Correa, de renovar o contrato armamentista que se manteve durante dez anos sob o pretexto da luta contra o narcotráfico.

A esse respeito, enfatizou que a luta contra o tráfico de estupefacientes era um argumento manipulado e pouco sério utilizado pelos Estados Unidos para justificar sua incursão no continente, com o objetivo de apropriar-se dos recursos naturais que já escasseiam na economia responsável pela crise financeira mundial.

Além disso, destacou que a política belicista do presidente estadunidense Barack Obama não é distinta da que implementou seu antecesor George W. Bush, questão que foi fortemente criticada pelos eleitores que apoiaram sua proposta de governo sob o lema de "Mudança e Esperança".

"Essa decepção com Obama era previsível. Seu lema de campanha foi 'mudança e esperança', mas nunca especificou em que sentido, e isso é o que eles sabem fazer, mercadejar os candidatos da mesma maneira que promovem uma pasta de dentes".

Fonte: Agencia Bolivariana de Noticias

Extraído de socialismo.org.br
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