domingo, 22 de março de 2009

Filosofia em sala de aula


Filosofia em sala de aula

Após décadas de desafio, hoje temos a filosofia como matéria obrigatória no ensino médio. No livro de Lídia Maria Rodrigo, Filosofia em sala de aula: teoria e prática para o ensino médio, a autora busca dar base para motivar os alunos e propõe uma difusão da filosofia mantendo a qualidade do saber filosófico.

O Livro


  • As políticas de ensino desde o período colonial, os saberes do senso comum, a história da filosofia, a escola de massa, o ensinar filosofia para uma escola de massa, essas e outras questões são abordadas no livro de Lídia Maria Rodrigo, Filosofia em sala de aula.

    A autora inicia a discussão com a seguinte preocupação que buscamos contextualizar a seguir. Até 1970, a filosofia já era adotada como matéria obrigatória no ensino médio. Depois disso, ficou parcial ou inteiramente fora do âmbito escolar e agora é retomada em um decreto de 2 de julho de 2008, assinado por José de Alencar, na ocasião como presidente da República em exercício.

    A escola durante esse período mudou muito. Antes, quando a filosofia reinava no ambiente escolar básico, a educação era, inclusive, mais elitizada. Atualmente, a escola passou por várias transformações, uma delas é a massificação crescente. Ou seja, vários estratos sociais foram inclusos na escola e estes com nível de conhecimento bastante abaixo se comparado com as crianças de 1970.

    Até que a escola esteja cada vez mais se tornando uma escola de todos e para todos, sem dúvida significa um avanço, não um retrocesso. Contudo, como a filosofia será inserida nessa escola massificada? O receio é que a disciplina seja “nivelada por baixo” em vez de servir para crescimento de todos.

    Por esse motivo, ao longo do livro a autora propõe alternativas que ajudam o professor a desenvolver a filosofia no ensino médio. Para isso, a autora coloca em questão a prática docente, fala da importância de aulas expositivas em harmonia com as participativas, sugere textos teóricos para leitura, orienta essas leituras e propõe exercícios, de modo prático não só para o professor de filosofia no ensino médio, mas para o professor de humanidades de modo geral. Planejar as atividades e métodos avaliativos também são sugeridos pela autora para criação de um plano de aula consistente.


A Autora


  • Lidia Maria Rodrigo é licenciada em Filosofia pela Puccamp. Em 1984, obteve título de mestre em Filosofia da Educação pela Unimep, com dissertação intitulada Aventuras e desventuras da filosofia no Brasil: o nacionalismo no pensamento filosófico e, em 1996, doutorou-se em Filosofia pelo IFCH da Unicamp com a tese O imaginário do poder e o poder do imaginário em Maquiavel. Publicou O nacionalismo no pensamento filosófico: aventuras e desventuras da filosofia no Brasil (1988) e Maquiavel: educação e cidadania (2002), ambos pela editora Vozes, além de capítulos de livros e vários artigos em revistas especializadas. Lecionou na Pontifícia Universidade de Campinas, na Universidade Metodista de Piracicaba e na Universidade Federal de Uberlândia. Atualmente é professora no Departamento de Filosofia e História da Educação da Faculdade de Educação da Unicamp. Está vinculada ao Grupo de Estudos e Pesquisas Paideia da FE-Unicamp, nas linhas de pesquisa “Epistemologia e Teorias da Educação” e “Ensino de Filosofia”.
  • Público: Professores de filosofia e humanidades
  • ISBN: 978-85-7496-220-7
    Páginas: 304
    Formato: 14x21
    Preço: 58,00 (na data desta postagem - mar. 2009)


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Histórico da Autores Associados

Os fundadores da Editora iniciaram suas atividades no ano de 1976, na hoje extinta Cortez e Morais. O grupo, então organizado sob a forma de Conselho Editorial, definiu como orientação prioritária a reflexão sobre problemas educativos nacionais. Com o rompimento comercial da Cortez e Morais, o então Conselho Editorial decidiu continuar seu trabalho e criou a Editora Autores Associados, inicialmente com a parceria da Cortez. Razões diversas impediram que o grupo continuasse com sua composição inicial, embora os compromissos sigam os mesmos, ampliados com outras coleções e títulos que já são conhecidos da maioria dos educadores brasileiros.

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sábado, 14 de março de 2009

World Wide Web faz 20 anos e preocupa criadores


World Wide Web faz 20 anos e preocupa criadores

Sexta, 13 de março de 2009, 14h24 - Atualizada às 17h03

O aniversário de 20 anos da World Wide Web reuniu os criadores da rede mundial em Genebra, nesta sexta-feira, em uma comemoração marcada também por críticas e preocupações.

A WWW foi desenvolvida por Tim Berners-Lee e outros cientistas do Centro de Física de Partículas Nucleares Europeu (CERN), na Suíça, e serviu inicialmente como um sistema que permitia que milhares de cientistas no mundo todo ficassem em contato.




"Vago, mas empolgante"

Em março de 1989, o jovem Berners-Lee entregou a seu supervisor um documento intitulado "Gerenciamento de informação: uma proposta".

O supervisor descreveu o texto como "vago, mas empolgante" e deu autorização para que Berners-Lee seguisse em frente com o projeto.


"Havia algo no ar, algo que ia acontecer mais cedo ou mais tarde", afirmou o ex-engenheiro de sistemas do CERN, Robert Cailliau, que fazia parte da equipe de Berners-Lee.

Eles criaram a linguagem global do hipertexto - o "http" dos endereços da web - e elaboraram o primeiro browser, muito parecido com o que ainda usamos hoje em dia, em outubro de 1990.

"Tudo que as pessoas fazem hoje, blogs e comunidades e essas coisas, era o que estávamos fazendo em 1990, não havia diferença. Foi assim que começamos", conta Cailliau.

A tecnologia da WWW foi disponibilizada para um uso mais amplo na internet a partir de 1991, depois que o CERN decidiu não prosseguir com seu desenvolvimento, tomando a decisão histórica, dois anos mais tarde, de não cobrar royalties por sua criação.

Cailliau ainda se mostra maravilhado com o desenvolvimento de um meio que permite que o conhecimento seja expandido livremente, pois nunca imaginou que os mecanismos de busca ganhariam a importância que têm hoje em dia.

"Um motor de busca é muito centralizado. Já que a web é totalmente descentralizada, eu não poderia prever como as coisas aconteceriam", comenta.

Críticas e preocupações

Mas o desenvolvimento comercial da rede irrita, e muito, alguns de seus fundadores.

"Há algumas coisas que eu não gosto, como a invasão da propaganda", explica Caillau, que prefere a idéia de um "micropagamento" direto aos fornecedores de informação.

"E ainda há o grande problema da identidade, é claro, a confiança entre a pessoa que consulta e a pessoa que proporciona a página, assim como a proteção das crianças a certos conteúdos", acrescenta.

Web x Internet

Lynn St. Amour, presidente-executiva da Internet Society, explica que a web ainda é erroneamente confundida com a internet.

"A internet é uma vasta rede de redes, interconectadas de muitas formas físicas diferentes, e mesmo assim falando uma linguagem comum", afirma.

"A web é apenas uma - apesar de ser a mais influente e conhecida - de muitas aplicações diferentes na internet", explica a cientista.

Berners-Lee, o "pai" da web

Para Lynn St. Amour, "a grande realização de Tim Berners-Lee foi reconhecer o poder e o potencial da internet".

O britânico Berners-Lee, também conhecido como "pai da web", lidera hoje o World Wide Web Consortium, órgão que coordena o desenvolvimento da web. É também pesquisador do Instituto de Tecnologia do Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, e professor de ciência da computação na Universidade de Southampton.

Em entrevista coletiva durante a Campus Party Brasil 2009, que aconteceu em janeiro em São Paulo, Berners-Lee disse que, se mudasse algo em seu projeto, removeria os "//" dos endereços da web. "Hoje sei que não servem para nada", disse, "e tirá-los economizaria tempo e espaço, mas para isso seria preciso redesenhar todo o sistema".

Com informações da AFP
Redação Terra
fonte:

http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,,OI3632607-EI4802.html

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Tim Berners-Lee convoca participantes da Campus Party Brasil para construir o futuro da Internet

19 a 25 de Janeiro de 2009

Fotos em alta resolução também já estão disponíveis no http://www.flickr.com/photos/campuspartybrasil

Nesta terça-feira (20 de janeiro de 2009), o criador da World Wide Web (WWW) falou sobre a Web Semântica, dentro do Momento Telefônica. Em coletiva para a imprensa, Berners-Lee destacou sua preocupação de que a web funcione como infra-estrutura crítica para a sociedade



A palestra de Tim Berners-Lee “O futuro da Web – e isso é só o começo: olhando os próximos 20 anos”, no primeiro Momento Telefônica da Campus Party Brasil 2009, acabou com um recado para os mais de 6 mil campuseiros inscritos no evento. “É muito importante que a Internet permaneça aberta. O futuro está nas mãos de vocês. Se o browser que você usa não tem padrões abertos, não use esse browser. Vocês fazem a escolha. Vocês estão no controle”, finalizou o criador da World Wide Web (WWW), ovacionado pelo público.

Durante a apresentação de 45 minutos, Tim Berners-Lee primeiramente rememorou o início de seu trabalho, há 20 anos, que tinha o objetivo de reunir dados dispersos e incompatíveis, no que mais tarde deu origem a World Wide Web. Em seguida, ele se aprofundou na explicação da Web Semântica ou Internet 3.0, extensão da Internet atual que poderá permitir aos computadores e humanos trabalharem em cooperação. Ela seria capaz de organizar e usar todo o conhecimento disponível na rede de forma mais inteligente, misturando dados de fontes diferentes instantaneamente, a partir de dados abertos e linkados entre si. “A coisa mais importante quando vocês forem desenvolver alguma coisa na web é a universalidade. Você tem que ser capaz de utizá-la independentemente da plataforma, do sistema operacional, do browser ou da cultura que você esteja utilizando”, disse Berners-Lee.

Antes da palestra, o pai da WWW se reuniu com a imprensa e respondeu questões relativas aos seguintes temas:

Obama

“Uma das grandes coisas que Barack Obama já falou a respeito de tecnologia é que os dados sobre o governo estarão abertamente disponíveis, de forma acessível. Há uma nova onda de informações linkadas se espalhando por todas as áreas. O governo Obama chegou na hora certa, para contribuir com esse movimento por meio da abertura das informações relacionadas ao governo”.

Futuro

“A web é uma grande plataforma, e o importante é que é uma tela em branco, sobre a qual todos poderão fazer coisas com as quais eu nunca sequer sonhei. Há muitas coisas interessantes nascendo, como os dados linkados, a presença da web nos telefones celulares, que será especialmente importante em áreas rurais, por exemplo, onde a presença dos computadores é menor. Estamos começando uma Web Foundation, que pretende fazer da web algo conectado de forma humana. O importante para o futuro é pensar nos 80% da população que, hoje, não usam a internet: como a internet vai funcionar para essas pessoas? Uma das questões importantes para a missão da Web Foundation é que a web funcione como infraestrutura crítica para a sociedade. Por isso é importante que as universidades desenvolvam a web science, para entender tanto os aspectos técnicos quanto sociais da rede. Os telefones celulares serão muito importantes, mas a web sempre será acessada de formas diversas: às vezes eu preciso de coisas dentro do bolso, mas quando eu chego em casa quero uma tela de 52 polegadas, de resolução perfeita... O importante é que a web funcione de formas variadas”.

Web 3.0

“A Web 2.0 foi uma experiência muito frustrante para os usuários, porque eles colocam todas as informações em uma página e, quando acessam uma outra página, não podem usar aquele mesmo conteúdo. As redes sociais devem ser um sistema aberto, em que você controla seus dados, e essa informação pode ser usada por pessoas e sites diferentes. Você decide o que colocar e que uso isso vai ter, mas a partir de então é algo aberto. Essa é a visão de uma rede natural, feita de pessoas. Parte da ideia da rede de dados abertos linkados é a de ser a ‘rede de um amigo do amigo’: é uma rede de sites nos quais você concorda em ter seus dados. Você controla os seus dados, não uma empresa”.

Uso da Internet Semântica

“Hoje eu vejo a Internet Semântica como um movimento pelos dados abertos e eu encorajo a todos a colocarem seus dados linkados na Internet para que outros os possam utilizar. No futuro, as empresas e o governo irão nos fornecer os dados brutos e com eles poderemos fazer coisas fantásticas. Eles, por exemplo, não precisarão gastar com publicidade, já que as pessoas poderão fazer seus próprios catálogos a partir desses dados brutos”.

Sociedade

“Devemos tomar cuidado com novas formas de sociedade: tivemos vários exemplos desastrosos ao longo da história. O interessante é que em diferentes comunidades da rede as pessoas estão lidando com novas formas de democracia e de meritocracia: de como nós, como um grande grupo, tomamos uma decisão com base na maioria, mas também sabermos reagir quando nos damos conta que a minoria estava correta. Estou muito animado com os movimentos que tenho visto nesse sentido dentro da web”.

Crimes na Internet

“Claro que esses são assuntos que nos preocupam a todos, mas o que você vê na web é simplesmente a humanidade: com seus aspectos horríveis, outros maravilhosos. A Internet é uma ferramenta poderosa. A informação é algo poderoso, que pode ser usado para coisas horríveis ou para coisas excelentes. Mas sou otimista quanto à humanidade, porque no final das contas, quando nos juntamos para resolver os problemas, acho que acabamos fazendo mais bem do que mal”.

Segurança e privacidade

“Talvez nosso padrão mude nos próximos anos, porque uma mudança importante seria escolher especificamente para que fim será usada a informação que colocamos na rede. No futuro, será muito fácil ter acesso ao conteúdo, mas uma empresa não poderá utilizar essa informação para um fim indevido”.

Internet provida pelo governo?

“Nos EUA, eu tenho a opção entre diversos provedores comerciais, um deles que leva fibra ótica até minha casa. Em outros países, as pessoas podem decidir que o governo seja o provedor, mas tem a ver com a cultura de cada lugar. Mas eu gosto do sistema que permite a concorrência comercial e a escolha da empresa que eu quero oferecendo conteúdo”.

Interatividade na Internet 2.0

“A Internet pode ser muito mais interativa. No momento em que os dados forem abertos, a Internet vai poder se alimentar muito mais de aplicativos e vai se tornar muito mais poderosa”.

Twitter

“É uma nova forma de comunicação. Hoje há tantas coisas fascinantes na Internet que eu não tenho favoritos. Sempre que há uma novidade, uma coisa que é a mais quente do momento, pode ter certeza que há outra logo atrás, chegando para tirar seu lugar”

fonte: http://www.campus-party.com.br/index.php/release-5.html

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Frances E. Allen - Prêmio A.M.Tuning 2006

entrevista 2008 - em inglês - AQUI


Campus Party Brasil 2009 está mais feminina

Na edição passada da versão brasileira do maior encontro de Internet do planeta, as mulheres correspodiam a um quarto dos participantes. Hoje, são 32% dos amantes da cibercultura

Seis mulheres participaram da construção do primeiro computador digital eletrônico de grande escala, o ENIAC, nos Estados Unidos: Kathleen McNulty, Frances Bilas, Betty Jean Jennings, Elizabeth Snyder, Ruth Lictermann e Marlyn Wescoff. Durante a Segunda Guerra Mundial, elas, como muitas mulheres, faziam cálculos balísticos, e, como eram muito boas em matemática, foram chamadas para participar daquele projeto, em 1945.

“Historicamente, deixou-se de lado a participação da mulher na ciência e na tecnologia”, diz a feminista Anna Frank, que, entre flores e objetos em roxo, montou um mural que homenageia essas e outras mulheres na Campus Party Brasil 2009. Na segunda versão brasileira do maior encontro de Internet e cultura digital do planeta, porém, as campuseiras estão dando a volta por cima: a presença feminina no evento cresceu de 25%, em 2008, para 32%, na atual edição.

É por meio de seu blog que Anna leva adiante sua causa de defesa dos Direitos Humanos da Mulher. “Me perguntaram porque eu estou na Campus Party falando de feminismo e o que isso tem a ver com o evento. Disse que o evento não é só para fazer robô, essas coisas. Não! Eu posso usar essa tecnologia, como a dos blogs, para me comunicar com as mulheres do todo o mundo”, explica a autora de uma enquete que mostrou que as áreas de maior interesse das mulheres na Campus Party 2009 são, empatadas, software e games, seguidas de fotografia e blogs. “Vi até uma garota consertando um computador, com solda e tudo”.

Mulheres temáticas

A gaúcha Alissa Gottfried, que dará pelo menos quatro oficinas sobre arte gráfica e comunicação com software livre, segundo o modelo Barcamp – no qual as discussões acontecem sem uma programação formal e com participação ativa do público – acredita que a atuação feminina nas diversas áreas da Campus Party tem sido bem efetiva. A participação da Linux Chix, grupo de mulheres que usam Linux, é um exemplo disso. “É legal convidar para o evento um grupo que junta o movimento feminista com o movimento do software livre”.

Apesar de ampla, a presença das garotas não é homogênea em todas as áreas da Campus Party. Anna Silva, 25 anos, estudante de Designs Interiores, Michelle Rodrigues, 23, técnica de informática e Vanessa Dias, 19, estudante de Ciências da Computação, têm em comum o fato de serem parte do grupo de Jogos da Campus Party. Segundo elas, das cerca de 50 pessoas que compõe o clã de Games da NV (famoso fórum de tecnologia), somente cinco são mulheres.

“Existe um preconceito por parte das mulheres, que acham que não jogam tão bem quanto os homens. Mas a gente está aqui justamente pra quebrar isso”, diz ela, que faz questão de frisar que vem ao evento por uma questão de paixão pessoal. “Estamos aqui porque gostamos de jogar videogame mesmo, não por influência de namorado ou irmão”. Michelle conta que as competições acontecem de igual pra igual, sem qualquer vantagem para determinado sexo. “Jogamos tão bem quanto os garotos, e muitas vezes eles tomam ‘chineladas’ da gente”.

fonte: http://docs.google.com/Doc?id=dc42xc8k_0gdvqsc8r

quarta-feira, 4 de março de 2009

Metamorfoses do tempo



Metamorfoses do tempo

Fernando Rego
In memoriam

Terça, 3 de março de 2009, 07h52 Atualizada às 15h19


Dizem que o remoto cardeal Nicolas de Cusa (1401-1464) viu na circunferência um polígono dotado de um incontável número de ângulos e percebeu que a reta seria uma linha infinita e também um triângulo, um círculo e uma esfera. Tal metamorfose das configurações geométricas pode ser aplicada ao tempo que, inicialmente, talvez tenha se mostrado ao homem através dos grandes fenômenos naturais para, só depois, descortinar-se a morte e a solidão.

Conhecer as diversas representações do tempo exige um profundo significado, o início do Universo. Conhecê-lo, é penetrar no mecanismo da mente divina, detectando suas possibilidades. Mas é também o desejo de alcançar a imortalidade, marca inconteste do poder e de suas manifestações cosmogônicas e históricas. Compreendê-las é a chave para desvendar o messianismo, o apocalipse e as diferentes filosofias da história.

Mircea Eliade, em O mito do eterno retorno, constrói um estudo do ser para destacar a existência de uma ontologia arcaica entre os povos "pré-modernos", geradora de arquétipos. Dentre esses, o tempo e o espaço, modelos do tempo e espaço terrestres, elementos explicativos do nascimento das coisas. O homem repete, de diferentes maneiras, o ato da criação: seu calendário religioso comemora, no espaço de um ano, todas as cosmogonias que existiram ab origina.

A busca do tempo originário tem como finalidade, para Mircea Eliade, a abolição do tempo profano. O lançar-se do homem no tempo mítico ocorre em determinadas situações especiais, quando se apresenta a possibilidade de ser ele próprio: o que acontece nos momentos dos rituais e eventos marcantes, a exemplo dos atos de alimentar-se ou reproduzir-se. O que demonstra, de maneira direta ou indireta, como as experiências sociais, culturais e individuais - internas ou externas - interferem, sobremaneira, na apreensão e no entendimento do tempo e do espaço.

Impossível apreender, de uma única vez, tudo o que se dá no tempo, posto que, na arte ou na vida, as anexações são parciais e sucessivas. É o que Proust consegue mostrar ao utilizar-se da memória e do hábito. O sentimento de posse do tempo apresenta sua virulência e epifania na literatura. Avançar e recuar, contrair e dilatar são elementos que o narrador utiliza para construir um jogo onde, algumas vezes, inexistem paradigmas.

Dotar o tempo de objeto e sentimento é torná-lo consistente; é atribuir-lhe um centro de onde os momentos são irradiados. No entanto, mais importante do que essa exposição à Proust, é o processo mítico de abolir o tempo. É mediante este ato, segundo Mircea Eliade, que aos mortos é possibilitado o retorno, já que as barreiras entre eles e os vivos se desfazem. Nesse instante paradoxal, em que o tempo é suspenso, os mortos podem conviver com os vivos. Foi recuperada a contemporaneidade.

O aspecto inexorável do tempo obriga o homem a preocupar-se com sua própria condição na eternidade. E essa eternidade o conduzirá, em circunstâncias específicas, a contemplar o Nirvana. As distintas técnicas usadas pelo yoga têm como finalidade transcender a infinita série de sofrimentos a que ele está sujeito como ser temporal.

Os diferentes modelos de relacionamento entre o homem e o tempo demonstram a existência de duas posições distintas: impotência e poder. A impotência frente ao tempo encontra-se vinculada a um imperativo cósmico, demiúrgico ou jungido à imposição da vontade divina. Nessa perspectiva, a história de Roma adquire dimensões trágicas: os romanos sentiram, várias vezes, o terror de um fim iminente da cidade, cuja duração - segundo criam - teria sido decidida no momento mesmo de sua fundação, por Rômulo. Presságio depois combatido por Virgílio, na Eneida, ao mostrar que Roma é eterna e garantida por seu poder e expansão.

Os reis ocupavam seus postos e, nestes lapsos, encarnavam e representavam o tempo. Daí suas mortes assinalarem um período. Razão pela qual os interregnos deveriam ter a menor duração possível, visto que, entre um e outro, o tempo se detinha. Entretanto, dentre todos os homens que procuraram marcá-lo, reis ou filósofos, o mais bem-sucedido foi Cristo. Nesse aspecto, obteve mais êxito do que o próprio Deus.

Na filosofia antiga, a noção de tempo famosa é a de temporalidade/rio do filósofo grego Heráclito (544-483 a.C.).


...
Que rio é este cuja fonte é inconcebível?
Que rio é este que arrasta mitologias e espadas?
Corre no sono, no deserto, num porão.
O rio me arrebata e sou esse rio.

(J.L. Borges, Heráclito)

Necessário se faz notar que a visão grega preferida do tempo, talvez por uma possível influência oriental, é a visão cíclica. Nesta, o ano é tido como um ser redondo que engloba em si todas as coisas e que cria, ao girar em torno da Terra, também circular, a noção cósmica de tempo sem princípio ou fim.

Segundo observação feita por Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C), essa ideia tem como característica a volta sobre si mesma, que não apenas une fim e princípio, como confirma a negação de todo começo e do todo fim. Na forma cíclica do tempo, qualquer início hipotético pode ser considerado como término e qualquer término será considerado início.

A concepção do tempo retornando sobre si mesmo é distinta da concepção unidimensional. Nesta, de um ponto qualquer do presente, é possível dirigir-se ao passado ou ao futuro. A infinitude é aqui representada pelas duas direções em seus ilimitados prolongamentos. Mas, de uma reta podemos pensar no seu ponto inicial e no seu ponto final, sem cairmos em contradição: um começo e um fim absolutos. Hipótese inadmissível para os gregos. Para estes, a vicissitude cíclica do tempo é a expressão mais consistente de sua eternidade: sem princípio nem fim, não gerado. Concepção presente nas correntes especulativas imbuídas de ¬religiosidade, a exemplo do orfismo que defende estar a alma humana obrigada a uma série de vidas, pelo destino da transmigração a que é submetida, em virtude de um pecado. A essa pena, imposta pelo tempo, a alma só pode libertar-se ao retomar sua forma primitiva, a pureza.

Aristóteles diz que, sem movimento, é impossível existir o tempo. Este seria eterno e contínuo, o mesmo ocorrendo com o movimento que é seu fundamento. Ao movimento real corresponde o tempo real, ao movimento ideal ou imaginário corresponde o tempo ideal ou imaginário. Portanto, existem tantos tempos quantos são os movimentos e inteligências que os comparem ou estabeleçam medidas. Mas todos podem estar contidos no movimento geral dos céus. O Universo e os corpos nele existentes são limitados e finitos.

Alguns filósofos do século XVIII dedicaram grande parte de suas análises à intenção de explicar o espaço e o tempo. Recorreram, então, a toda escala da existência "subjetiva" e "objetiva". No aspecto "subjetivo" consideraram esses dois conceitos como produtos de percepção direta interior ou da percepção exterior. Outras vezes, como criações abstratas do pensamento, ou gerados por associações de ideias.

Do ponto de vista "objetivo", o espaço e o tempo foram considerados substantivamente, com existência independente ou ainda como relações objetivas entre as coisas. A busca de um desfecho entre essas diferentes correntes do filosofar será o pensamento dominante da primeira crítica kantiana.

Martin Heidegger, na obra inconclusa Ser e Tempo, retoma o pensar grego, a investigação do tempo finito originário. Procura, assim, assegurar a gênese das formas do tempo ligadas à existência cotidiana - tanto no seu aspecto objetivo quanto no subjetivo - que determina o tempo comum. Este, ao ser dependente das diferentes formas temporais, criadas pela temporalidade imprópria, é índice da infinitude e irá abarcar os entes intramundanos, possibilitando a impressão de que deles surgiu. Esta temporalidade, que Heidegger chama de intratemporal, é datável, é extensível e é significativa ao apresentar-se "na dança infindável dos momentos" e nos referenciais reguladores: o sol ou o relógio, por exemplo. A existência cotidiana é assim conduzida desta forma: nascimento e morte, criação e destruição. Ressurge, assim, a concepção grega de Cronos.

No transformismo de Lamarck (1744-1829), os seres obedecem a uma cadeia disposta em uma sequência linear do tempo. A série de mudanças é pensada por intermédio do contínuo do espaço. Para agrupar os corpos desse mundo não basta, pois, reconhecer-lhes simplesmente similitudes no espaço; necessário precisar-lhes a sucessão no tempo.

Deve-se observar que, para alguns pensadores do século XVIII, era o tempo da Terra com seus cataclismos, suas variações de calor e mutações, que perturbavam a ordem dos seres submetidas à monotonia de um multiplicar-se sem história. Para Lamarck, ao contrário, era o tempo próprio dos seres que criava a progressão dos viventes. O tempo das circunstâncias só ocasionalmente interferia com o tempo da Terra, permitindo aos seres adaptarem-se ao meio ambiente. Portanto, dois tempos independentes e separados, com propriedades e efeitos adequados.

No século XIX, essa concepção sofre mudança, não pode haver mais que um tempo único para o conjunto do Universo. A história dos seres entrelaça-se inextrincavelmente com a Terra. Inaugura-se a era da Arqueologia e da Geologia.

O filósofo Fichte (1762-1814) afirmou em algum momento de sua vida: "Vê como nasce para ti o tempo, e verás como nasce tudo". Nos dias atuais, o astrofísico inglês Stephan Hawking, visando demonstrar a possibilidade da expansão do Universo e de um modelo do saber físico, afirma:

- Se conhecêssemos o estado inicial de nosso Universo, saberíamos toda sua história.

O tempo, então, pode ser apropriado de diferentes modos e com técnicas específicas, literárias, filosóficas ou científicas, funcionando muitas vezes como unificador dos elementos da hipótese com que se trabalha e se faz presente na aplicação prática que ela possa suscitar.

Hoje, a ciência física deixa claro muitas das ocorrências a que nosso planeta está submetido e as que nele se processam - por ação humana - são explicadas e detectadas de "pontos" fora da Terra. Isto vem determinando o povoamento acelerado do céu por artefatos criados pelo homem...

De diferentes maneiras, busca-se o tempo e dentre tantas, é provável que exista uma que explique quem é o homem e torne inteligível como ele irá comportar-se ao defrontar-se com o fim - início de muitas fábulas.

Fernando Rego, baiano de Salvador, foi filósofo. Deu aulas na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia por 25 anos. Seus ensaios compõem o livro História Noturna da Filosofia (2006, Quarteto Editora). 19 dez. 1943 - 16 jul. 2005

Mais: » Fernando Rego: pensador profundo, humano incomum

fonte da foto: http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3365886-EI6581,00.html

Quem te viu... quem te vê!


Vaticano promove conferência sobre teoria de Darwin


03 de março de 2009 • 19h51 • atualizado às 20h04

O Vaticano realiza nesta semana uma conferência de cinco dias para marcar o 150º aniversário da publicação do livro A Origem das Espécies, de Charles Darwin, publicado em 1859 e que traça as bases da teoria da evolução.

Esta é uma das duas conferências acadêmicas internacionais que estão sendo patrocinadas pelo Vaticano em 2009. O objetivo das conferências é promover uma nova análise do trabalho de cientistas cujas idéias revolucionárias desafiaram as crenças religiosas, como o astrônomo Galileu Galilei e o biólogo britânico Charles Darwin.

Cientistas, filósofos e teólogos do mundo todo se reúnem na famosa Universidade Pontifícia Gregoriana de Roma para discutir a compatibilidade da teoria da evolução de Darwin com os ensinamentos católicos.

Igrejas cristãs têm sido hostis à teoria de Darwin devido ao fato de ela entrar em conflito com a versão bíblica da criação do mundo. Em 2006, por exemplo, o cardeal católico Christoff Schoenborn, de Viena, ex-estudante e amigo do papa Bento XVI, gerou polêmica ao afirmar que a teoria da seleção natural de Darwin era incompatível com a fé cristã.



A Igreja Católica, no entanto, nunca condenou Darwin como condenou e silenciou Galileu Galilei. O papa João Paulo II, por exemplo, afirmava que a evolução era "mais do que uma hipótese".

O professor Francisco Ayala, importante estudioso americano da área de biologia, planeja defender na conferência que a chamada teoria do design inteligente, proposta pelos criacionistas, tem falhas. "O design de organismos não é o que se esperaria de um engenheiro inteligente", afirma Ayala. "Defeitos, disfunções, esquisitices, desperdício e crueldade permeiam o mundo".

fonte: BBC Brasil - BBC BRASIL.com

extraído de http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI3611397-EI238,00.html

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terça-feira, 3 de março de 2009

E se Obama fosse brasileiro?

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E se Obama fosse brasileiro?
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por Heloisa Pires Lima*

Atualizado em 21 de janeiro de 2009

  • "E como lá no fundo o privilégio seleciona muito bem o que reconhecer na realidade, é recorrente surgir em momentos de inversão de poder certas associações que desqualificam, quase imperceptivelmente, a conquista. O texto de Mia Couto traz para a comemoração o imaginário de uma África incapaz para a democracia. De certa forma, a vinculação com sinais negativos retoma a descrença para o filho de africano negro. Mas como a história é implacável em suas dinâmicas, Obama não está fora do lugar que lhe é de direito e de vontade pois expressa a face de uma demanda coletiva. Talvez por isso se cerque de toda a simbologia que o legitima."

E então me chega às mãos um texto de um escritor moçambicano, Mia Couto, intitulado: "E se Obama fosse africano?" [link no final]. O panorama que o meu colega aponta, retoma uma crítica severa aos governos totalitários, vigorosos, indubitavelmente, no continente do autor. Li e reli até identificar no mote de idéias que relaciona o eleito Obama e a África algo que me incomodou.

Compartilho com a afirmativa do autor: o mundo rejubilou-se com a vitória de Obama. Mais do que a realidade política presente no evento, ou mesmo o desempenho futuro, foi a simbologia incrustada no candidato, a grande vencedora. Parte da emoção envolvida na torcida pareceu a daqueles que assistem a uma virada de séculos de racismo, como se testemunhassem a reparação de uma injustiça, ou presenciassem o instante de uma transformação. Prevalece a tendência de opiniões satisfeitas com o resultado, como se uma brisa de legitimidade, tão rara, ressurgisse na face da História. Certamente, muitos o festejaram sentindo o mesmo poder representado por Obama. Tenha sido eleitor negro ou não, foi expressiva a vibração pelo franzino, porém elegante negro. E não foram poucos. A bandeira do "nós podemos" pareceu bastante eficaz pelo "Nós" e pelo poder assim redistribuído. Afinal o eleito conseguiu representar o estarmos todos Unidos? Não apenas internamente, mas até na possibilidade de uma reconstrução da imagem americana.


E o mundo parece ter melhorado com o feito de uma família negra na Casa Branca. Como a saga do herói que carrega o trauma da própria história para superar, dessa vez o protagonista produziu uma narrativa mítica de dimensão planetária. Reconheçamos o mérito da empreitada. Trata-se do triunfo de um candidato negro, mas não qualquer candidato. Foi toda a peculiaridade de Barack Hussein Obama II que ofereceu aos inúmeros aspectos da campanha eleitoral, muitos inovadores, as explicações para a medida certa que angariou confiança e expandiu o eleitorado. A cada desafio, ele se mostrou competente assegurando os objetivos, ou seja, a vitória. Até mesmo administrar a rejeição maior: o medo e a culpa de gerações descendentes dos que sofreram e causaram o martírio africano.

Mas retomemos a indagação central de Mia Couto. E se Obama fosse africano? Pois ele é africano por descendência direta. E esta origem, ou mesmo a indagação do escritor, foi nuança relevante no mosaico formado pela história de Obama. Há como elementos dessa simbologia, uma paternidade ausente que imediatamente remete ao percurso singular de mães americanas, européias ou de outros continentes que assumiram os filhos gestados fora da África. Na trajetória dos migrantes africanos protegidos pelo feminismo a associação foi adquirindo contornos geracionais como vestir-se de hippie, intelectual de esquerda, até a face do chamado empoderamento conquistador de acessos sociais, inclusive o de ser a versão negra de um modelo kennediano para a América.

E então, o que provocou meu incômodo no texto de Mia Couto que também compõe este momento? Justamente o que ele seleciona para seus comentários acerca do evento na América cujo protagonismo de um descendente de africano lhe inspirou. Trata-se de um texto entre tantos que circulam na internet sobre a eleição. Este, acredito estar entre os que buscam associar a conquista de Obama a algo que, subliminarmente, a desqualifica.

Vejamos:

1 - Ao se referir ao canditado que se tornou presidente dos EUA, o autor elenca uma série de governos e situações eleitorais em África. Ao citar as trágicas ditaduras espalhadas pelo continente, Mia Couto privilegia a exposição de certa vertente entre os sistemas instaurados. Da leitura saímos com a idéia reforçada de uma África incapaz politicamente. É fato a correspondência com a realidade das nações ainda se constituindo em África. Todavia, parte dela. Por que cristalizar a imagem de ser assim o todo? Pois, a despeito de um período curto das independências há processos de transição bem sucedidos. O argumento ao tornar homogênea uma "evidência" africana esconde outra. Afinal há diferenças no bloco. Mesmo Moçambique é um país que tem conseguido assegurar certa recuperação econômica e reconciliação política depois de uma prolongada guerra civil. Senegal também não tem história recente fundada em golpe militar. Botswana nunca assistiu a um golpe de Estado e tem realizado eleições multipartidárias regulares desde a independência em 1966. E a importância de Alpha Omar Konare para o Mali?

Estas são algumas soberanias tão reais quanto os totalitarismos enfatizados por Mia Couto. Outro dado a considerar, são os resultados do inquérito, que decorreu entre 1999 e 2006, em 18 países, divulgados no âmbito das comemorações do mais recente Dia de África. Nos últimos oito anos, segundo o informe, registaram-se nos 18 países analisados quatro tentativas de alterações constitucionais para permitir a prorrogação de mandatos presidenciais, e que apenas na Namíbia tiveram sucesso. Na Zâmbia (2001), Malaui (2002) as tentativas também fracassaram. Realizado em parceria com o Instituto para a Democracia na África do Sul (IDASA), o Centro para o Desenvolvimento Democrático do Gana (CDD-Gana), e a Universidade do Estado do Michigan (MSU), nos Estados Unidos, o estudo aferiu, ainda, que mais de 90% dos africanos rejeitam a autocracia, ou seja, são avessos a governos anti-constitucionais. E transições atualíssimas como a que ocorreu em Gana? Em dois turnos, o resultado do primeiro deu o candidato governista, Nana Akufo-Addo, com 49,13% dos votos tendo Atta Mills na disputa com 47,92%. A pequena diferença levou a corte eleitoral a recomendar um segundo turno, o que foi considerado impecável pelos observadores internacionais. Não estou aqui questionando a sensibilidade e os motivos do brilhante autor, mas procurando chamar a atenção ao que se dá visibilidade quando a referência é a África. A articulação da notícia e da análise, nessa circunstância os comentários de Mia Couto, me exigem a observação do visível e invisível que também atribui qualificações ou desqualificação ao avaliarem os processos na região. A linha de pensamento do texto me leva a perceber uma dupla desqualificação: reiterar uma incapacidade africana e alertar para os corruptos e autoritários que, de certa forma, retiram parcela da confiança alastrada por Obama. É como comer um doce ouvindo a pecha de que vai engordar.

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- Mia não esquece mas, é sempre bom enfatizar a aula de gestão política proferida no modelo de democracia de Nelson Mandela. E não apenas para a África. Quantos anos teve Mandela que lutar contra o regime britânico e de outras histórias políticas européias em seu território? Mesmo retomando a sempre urgente condenação das elites africanas que usurpam o poder, não se pode esquecer o processo de terem sido colocadas por sistemas imperialistas, escravagistas e formas inescrupulosas entre setores que regem as economias. Senão, acabamos induzindo a percepção de serem exclusivamente de responsabilidade africana. Veja o caso do relacionamento político e econômico entre o conflito em Darfur; armas em troca do petróleo sudanês para a China, tão evidente e exemplar das atuais formas globalizadas de relações de força.

3 - A questão da democracia africana com toda a complexidade que o tema pode oferecer tem algumas verdades incondicionais à reflexão: a institucionalização recente das "nações" africanas. As tragédias políticas não são exclusividades do continente negro. E, especialmente há processos que mereceriam mais aliados na divulgação de suas lutas em prol do bem comum. Por que é recorrente esquecer a vitalidade de muitos contextos africanos? Há para memória a militância da queniana Wangari Maathai, que recebeu o prêmio Nobel da Paz em 2004, como ativista política e ambiental. Assim como ela, quantos acertos não poderiam ser fortalecidos caso fossem notados por renomados intelectuais? É indiscutível a força de imaginários sociais atuando sobre as identidades. Ressaltar apenas uma ou outra condição, dificulta a compreensão da densidade desses processos. E evidenciar apenas uma delas pode fazer a diferença naquela realidade.

4 - E já que o texto de Mia Couto procura elucidar a cor de Obama, recaindo na disputa entre ser negro ou mulato em África, retomaria no mérito do candidato a realização de uma das travessias mais brilhantes e talvez decisiva para o que conquistou. Na narrativa que construiu para si, não coube o discurso xenofobista polarizado em brancos e negros. Aliás, o cerne das mensagens fizeram prevalecer a lógica da aliança entre as partes; aquela que projeta o engrandecimento do todo. Esta é uma sapiência atemporal e capítulo dos ensinamentos acerca das relações de poder. Aliás, foi esta a estratégia política dos antigos dielis(1) do império do Mali, uma espécie de conselheiros dos soberanos que obtiveram sucesso com experiências "confederadas" antes do século XVI, em África. Pois é, a mesma África possui dinâmicas próprias de representatividade muito pouco rememoradas.

Mas ainda salientando a cor de Obama, não houve jornal no mundo que não desse na capa a manchete: o primeiro presidente negro dos EUA. Obama é negro para todo o mundo. Já ele mesmo, durante toda a campanha, menos apontou as nuanças de pele e sim promoveu uma afirmação muito mais significativa: ele é sua família negra (que a mulher e as filhas são negras, ninguém tem dúvida).

5 - Se Obama não falou em seus discursos da condição particular de ser negro, os gestos, conduzidos com astúcia, afirmavam o tempo todo a sua negritude. Entre ser americano e ser negro americano e ainda no território das simbologias, nesse momento, a América enfrenta a própria decadência como ícone. Na definição interna, os mesmos yankee sentiram a vida se voltar para a crença de serem os salvadores do planeta, justamente com a onda Obama. Remédio talvez amargo para alguns, pois assistimos a vitória só se definir no finalzinho da campanha. Mas Obama se mostrou o tempo todo americano. O empreendedorismo contido na biografia do eleito reforçou o mito tão singular àquela cultura. Porém, sem esquecer a história racista daquele país.

6 - Ele não se apresentou como candidato com foco exclusivo na população negra, o que daria incoerência a lucidez política que acompanhamos. Mas, o gesto que arrematou o processo, o discurso da vitória, da escolha do local à sutileza que já lhe atribuiu ares de grande estadista, esteve em citar, na primeira apresentação pública após o pleito, Ann Nixon Cooper de 106 anos; conduzir a história geral e a particular sem negar uma ou outra é um princípio para ser evidenciado em análises, sejam sobre as Américas, sejam sobre as Áfricas. Obama pontuou o fato da eleitora negra de Atlanta, ser de uma geração depois da escravidão, que não podia votar por ser mulher e pela cor de sua pele. Por meio dela também recordou os ônibus de Montgomery, as mangueiras de irrigação em Birmingham e o pregador de Atlanta. O discurso do Obama eleito realizou um recorte sobre a particular história negra norte-americana, embora sempre complementado pelo bordão, “nós podemos”. Dessa vez o "nós" que promove uma reunião aponta para o enfrentamento de um ponto nevrálgico da história e cultura norte-americana. A escravidão africana é um transtorno para psiquismos de descendentes que se imaginam de escravizados a escravizadores, ou seja, é genético.

E para a superação desse trauma coletivo a aula e o legado das políticas afirmativas norte-americanas ajudaram a fortalecer a gramática dos direitos civis indo além de uma igualdade abstrata. A eleição de Obama auxilia no reconhecimento de processos de alternância de poder que não foram fruto do acaso e nem mudanças oficializadas como mérito de pequenos grupos. A história negra norte-americana expõe um debate lá publicizado, mas que é desejado por muitos movimentos sociais de outras plagas. Há nesses argumentos algo que também faz sentido para demandas locais.

Por isso, a vitória de Obama ao possibilitar uma alternância de poder, acena os estatutos de convivência no planeta para além da lógica do confronto insano entre diferentes. E até que ponto essa mensagem pode interferir em contextos africanos? Vamos acompanhar, já de imediato, o espaço que o continente receberá nas determinações da secretária Hillary Clinton. E, mais sutilmente se a representatividade da figura de Obama influenciará o jogo político do continente. Observemos o Quênia, por exemplo.

E, finalmente, parodiando Mia Couto em suas inconclusivas conclusões:


Como a eleição de Barack Hussein Obama II remete a várias Áfricas? As da diáspora, ou seja, a dos africanos que lidam com a condição de migrantes. O nome muçulmano tatua uma história tão desafiadora do islamismo contemporâneo na região. O nós podemos talvez auxilie a urgência em se perceber uma África que produz suas próprias respostas na solução de seus próprios problemas. Todavia sem permanecer segregada de demais instâncias mundiais. De novo, é importante reverberar os instantes de vitória e não apenas e tão somente fracassos sob a égide da incapacidade determinista. Ao contrário, a urgência é destacar iniciativas em todos os aspectos da vida africana evidenciando os “Obamas” que reconstroem a própria história apesar do terror vivido pela região.

E como lá no fundo o privilégio seleciona muito bem o que reconhecer na realidade, é recorrente surgirem em momentos de inversão de poder certas associações que desqualificam, quase imperceptivelmente, a conquista. O texto de Mia Couto traz para a comemoração o imaginário de uma África incapaz para a democracia. De certa forma, a vinculação com sinais negativos incentiva a descrença para o filho de africano negro. Mas como a história é implacável em suas dinâmicas, Obama não está fora do lugar que lhe é de direito e de vontade, pois expressa a face de uma demanda coletiva. Talvez por isso se cerque de toda a simbologia que o legitima.


E por que não aproveitar o texto para perguntar: e se Obama fosse brasileiro? Vamos focar o ângulo da representação negra nas instâncias políticas. Esta dimensão, porém, não é diferente de outras envolvendo a população descendente de africanos no Brasil. Os índices de pobreza, enfim, o avesso do poder, da mesma forma, por aqui tem rosto.

Critérios, como salário no Brasil, repetem a base da pirâmide com mulheres negras e o cume com homens brancos. Nem é preciso dizer da relação entre tais índices e a restrição de direitos, a vulnerabilidade à violência e etc., etc., etc.

Poderia haver um Obama brasileiro? Pensando na arquitetura simbólica à disposição por aqui, destacaria um aspecto do discurso que pleiteia a superação das evidentes desigualdades sociais no país até para configurarmos a representação política dessa população. Porém, considerar o recorte racial em debates acerca das peculiares relações raciais no Brasil, com dados apontados em pesquisas que pautam índices raciais, paradoxalmente acabam julgados como racialização do debate. É cobra engolindo o próprio rabo. De um lado, os discursos dos movimentos sociais ao expressarem suas reivindicações, se baseiam em dados, auferidos cientificamente, recortados pelo fator "racial". Por outro lado, uma corrente intelectual se escabela na tentativa de implodir a palavra "raça", sobretudo quando toma a direção de fundamentar as "quase" políticas públicas. Basta anunciarmos alguma discussão sobre as práticas, os comportamentos, a questão dos acessos que atingem certa fenotipia para logo surgir o tema DNA no fato de sermos todos humanos com origens mescladas. Na tentativa de construir políticas para evitar que o tratamento recebido por uma pessoa varie na mesma escala de sua aparência, sempre aparece aquele que irá evidenciar a exceção discriminatória. Diferentemente dos EUA, educar para a noção de direitos civis ainda é muito tênue no Brasil.

E é exatamente a insistente desqualificação que impede avanços na produção de políticas públicas visando alterar o quadro levantado por pesquisas diferenciadas. A repetição do impasse bem brasileiro refaz uma estratégia política conservadora. Pois, todo rigoroso cientista social não deveria buscar os sentidos envolvidos no uso de certa terminologia, sobretudo quando utilizada por movimentos sociais? No entanto, como explicar uma corrente de analistas que reduzem a discussão dos nossos dias como se o termo estivesse confinado aos sentidos Oitocentistas? E como não há termo algum, com significados absolutos há de se perguntar por que não sugerem o termo que orientaria a adequação? A dinâmica da nomenclatura racial é um fator a ser considerado no exame dos eventuais “Obamas” em nossa sociedade. O termo raça, que aparece mais do que o dado, não poderia ser compreendido como uma síntese que abarca índices de desigualdades evidentemente relacionadas ao biotipo das populações em convívio? Desvalorizar demandas concretas por utilizarem o termo "raça" é uma prática implicada nos impedimentos à mobilidade social e, por sua vez, na manutenção de visões universalistas para implementação de políticas públicas.

Portanto, o Obama brasileiro teria ondas bastante conservadoras para superar, e, logicamente, a hegemônica mídia local. Acerca deste último detalhe, podemos focalizar a cobertura da vitória de Obama e do quanto foram raras as matérias que buscaram a opinião dos habitantes negros do país tropical. A não ocorrência foi tão natural como a ausência permanente em voz e imagem, só quebrada, aliás, por produções norte-americanas que circulam em nossas TVs.

Tamanha invisibilidade não nos deixa notar contornos de um Obama brasileiro. E ainda no território das representações políticas, uma das primeiras assinaturas do governo Lula foi a Lei 10.639/03 que vinha questionar a ausência de produção de conhecimento sobre África na escola. Superar a naturalização que preserva ignorâncias, diagnosticadas como estimuladoras de racismos e preconceitos nos ambientes educativos, parecia ter revolucionariamente o apoio oficial. No entanto o atual ministro da educação não gostou da Lei, diminuindo sua importância como orientação politicamente negociada no início da gestão. Este é um dos aspectos a demonstrar que toda a iniciativa para um debate público que valorize a origem africana e afrodescendente como presença singular, todavia articulada a poderes de fato, faz emergir uma série de manobras que irão favorecer sua dispersão. A esperança será nos unirmos para quebrar essa lógica, até o momento, eficaz.

O texto de Mia Couto, e a leitura requintada associada a Obama conforme o ponto de vista que procurei defender, acabou tocando na minha sensibilidade para qualificações e desqualificações que encontramos nas análises acerca das dinâmicas sociais a nossa disposição. E a África como nervo nervoso! É apenas um ponto para a interlocução no diálogo público.

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*Heloisa Pires Lima é gaúcha, doutora em antropologia social pela Universidade de São Paulo (2005). Tem priorizado, em sua produção, questões teóricas acerca das fronteiras entre as disciplinas História e Antropologia, na especificidade do tema das representações culturais, com ênfase em relatos de viagem e expressões plásticas. O período alvo de suas pesquisas tem sido o século XIX. Sua produção é marcadamente associada à atuação de entidades negras e outras anti-racistas. Criou a Selo Negro Edições, da qual foi editora. É autora de livros infanto-juvenis como Benjamin, o filho da felicidade. Histórias da Preta e O espelho dourado, A semente que veio da África e escreve artigos para vários periódicos.

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O texto de Mia Couto pode ser lido em:
http://historiaemprojetos.blogspot.com/2008/12/e-se-obama-fosse-africano-e-se-obama.html

(1) dieli (na língua bamanan do Mali, noroeste da África) é “mestre” (sábio, curador, iniciador das ciências da vida, das artes populares e dos ofícios artesanais). Como “griot” (em francês) ou “griô” (abrasileirado)

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domingo, 1 de março de 2009

Chomsky: Capitalismo só existe no terceiro mundo


Entrevista
Noam Chomsky

"Capitalismo só existe no terceiro mundo"

Intelectual americano critica protecionismo dos EUA e diz que o poder do capital é imposto à força nos países pobres

por Maíra Magro

Cético Autor de mais de 70 livros,
Chomski diz que Obama não será muito diferente de Bush
e que o Brasil está no caminho certo



Ele foi considerado o intelectual mais importante do mundo pelo jornal The New York Times. Em 2005, ficou no topo da lista dos principais acadêmicos do planeta, segundo pesquisa feita pelas influentes revistas Foreign Policy, dos Estados Unidos, e Prospect, da Inglaterra. Aos 80 anos, Noam Chomsky, americano descendente de judeus russos, é reconhecido também como o papa da linguística moderna, por ter revolucionado a área com suas pesquisas sobre aquisição de linguagem. Professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) há mais de meio século, Chomsky é também filósofo e comentarista político. A decisão de nadar contra o pensamento político dominante veio com a guerra do Vietnã, nos anos 60. Publicou mais de 70 livros e mil artigos. Em geral, obras de repercussão mundial sobre atentados terroristas, neoliberalismo e política internacional. Um dos maiores críticos da política internacional americana, Chomsky está lançando no Brasil Estados fracassados: o abuso do poder e o ataque à democracia (Bertrand, 349 págs., R$ 45), no qual argumenta que os Estados Unidos assumiram as características de um Estado fracassado e padecem de um déficit democrático. Nesta entrevista concedida à ISTOÉ, o intelectual diz que não vê perspectivas de mudanças com o presidente Barack Obama, mas deposita um mar de esperanças na América do Sul: "Neste momento, é a região mais interessante do mundo."

ISTOÉ - Barack Obama pode mudar o que o sr. chama de "Estado fracassado"?

Noam Chomsky - Possibilidades sempre existem, mas não há nada que aponte para isso. As nomeações têm sido basicamente do lado dos falcões (defensores da guerra), e as ações também. Obama intensificou a guerra no Afeganistão, aumentou os ataques ao Paquistão e rejeitou os apelos dos presidentes desses países para eliminar os bombardeios que atingem alvos civis.

Quanto à questão de Israel e da Palestina, ele já deixou bem claro que não tem a intenção de buscar um acordo. Em sua primeira declaração sobre política internacional, afirmou que a responsabilidade primária dos Estados Unidos é proteger a segurança de Israel, e não a dos palestinos, que são os que precisam de proteção.

ISTOÉ - O sr. está dizendo que Obama é igual a George W. Bush?

Chomsky - Para começar, há uma distinção entre o primeiro e o segundo mandato de Bush. O primeiro foi muito arrogante e agressivo, desconsiderou as leis internacionais e foi tão abusivo que se distanciou de países aliados. O segundo mandato amaciou a retórica e as ações, que estavam causando danos demais aos interesses dos Estados Unidos. É possível que Obama dê continuidade às políticas do segundo mandato. Em alguns aspectos, Obama ainda é mais agressivo, como no Paquistão e no Afeganistão, que, pelo que vejo, são suas principais preocupações internacionais.

ISTOÉ - Os Estados Unidos são uma democracia fracassada?

Chomsky - Se você comparar as eleições de 2008 com as de um dos países mais pobres do hemisfério, a Bolívia, o processo é radicalmente diferente. Você pode gostar ou não das políticas do presidente Evo Morales, mas elas vêm da população. Ele foi escolhido por um eleitorado popular que traçou suas próprias políticas. As questões são muito significativas: controle dos recursos naturais, direitos culturais... A população não se envolveu apenas no dia das eleições, essas lutas estão ocorrendo há anos. Isso é uma democracia. Os Estados Unidos são exatamente o oposto. O melhor comentário sobre as eleições foi feito pela indústria da publicidade, que deu à campanha de Obama o prêmio de melhor campanha de marketing do ano.

ISTOÉ - Alguns presidentes sul-americanos são chamados de populistas.

Chomsky - Populista quer dizer alguém atento à opinião popular.

ISTOÉ - Mesmo quando a distribuição de recursos não é sustentável?

Chomsky - Distribuição de recursos tem a ver com política econômica. Nos Estados Unidos, o país mais rico do mundo, a política econômica é definida por instituições financeiras, por pessoas que levaram o país à ruína e estão levando boa parte do mundo à ruína. Isso não é populismo, é política econômica destinada a enriquecer um setor bem pequeno. Você pode até discutir se a forma que Evo Morales distribui recursos é correta, mas chamar isso de populismo é usar palavras feias para políticas que desagradam aos ricos.

ISTOÉ - O presidente Hugo Chávez acaba de passar por um referendo que permite sua reeleição ilimitada. Isso é aceitável em uma democracia?

Chomsky - Você acha que os Estados Unidos foram um Estado fascista até 1945, quando tínhamos a mesma regra?

O presidente (Franklin) Roosevelt foi eleito quatro vezes seguidas. Eu, pessoalmente, não aprovo, mas não posso dizer que isso seja incompatível com a democracia, a não ser que você diga que os Estados Unidos nunca foram uma democracia. Isso é uma hipocrisia total. Isso vale também para outras democracias parlamentaristas, em que o primeiro-ministro pode ser reeleito de forma indefinida.

ISTOÉ - O sr. avalia o governo Chávez positivamente?

Chomsky - A pergunta que importa é: o que os venezuelanos pensam do governo? Em pesquisas feitas pelo Latinobarômetro, uma organização chilena muito respeitada, desde a eleição de Chávez, a Venezuela fica no topo ou perto do topo de uma lista de países quanto ao apoio popular ao governo e à democracia.

ISTOÉ - O sr. acha que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva representou alguma mudança para o Brasil?

Chomsky - De forma geral, suas políticas têm sido bastante construtivas. A disposição inicial de aceitar a disciplina das instituições financeiras internacionais foi questionável. Até havia justificativa para isso, mas ele poderia ter escolhido políticas alternativas que teriam estimulado mais a economia. Acho também que as políticas poderiam dar mais apoio a organizações como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Mas, em geral, o País parece estar andando na direção certa. A disposição de lidar com os problemas internos de desigualdade extrema, da fuga de capital, entre outros, está pelo menos na agenda. Além disso, há a tendência de integração regional e independência. A União de Nações Sul- Americanas (Unasul) é um exemplo, mas existem muitos outros, e a integração é um pré-requisito para a independência. De maneira geral, isso torna a América do Sul, do meu ponto de vista, o lugar mais interessante do mundo atualmente.

ISTOÉ - E qual o papel do Brasil?

Chomsky - O Brasil tem um papel central na integração regional, pois é o país mais rico e poderoso da região. O presidente Lula tem tomado uma posição muito boa, garantindo que países que os EUA tentam arruinar, principalmente a Bolívia e a Venezuela, estejam integrados ao sistema. O Brasil também está aumentando as relações com outros países do Sul. Mas a dependência das exportações agrícolas é uma forma questionável de desenvolvimento. Deveria haver tentativas de desenvolvimento que não dependessem tanto de exportações, como a da soja.

ISTOÉ - Como o sr. vê o ressurgimento de medidas protecionistas nos Estados Unidos e na União Européia?

Chomsky - Antes de falar sobre isso, temos que eliminar uma grande quantidade de mitologia. Os Estados Unidos, o país mais rico do mundo, sempre foram altamente protecionistas. Sua economia avançada depende crucialmente do setor estatal. Se você pensa em computadores, internet, tecnologia da informação, laser, tudo isso foi financiado pelo Estado. Você não pode falar em livre mercado porque eles não acreditam nisso.

ISTOÉ - O capitalismo está entrando em colapso com a crise?

Chomsky - O único lugar onde o capitalismo existe é nos países do Terceiro Mundo, onde ele é imposto à força.

ISTOÉ - Os anticapitalistas têm algum modelo para oferecer?

Chomsky - Existem diversas pessoas propondo coisas interessantes, basta ver o encontro em Belém (Fórum Social Mundial). Elas não são totalmente novas, vêm dos movimentos dos trabalhadores no século XIX. São propostas de se democratizar a sociedade inteira. Isso significa o controle democrático da manufatura, das finanças, dos sistemas de informação, e por aí em diante.

ISTOÉ - Vê algo de positivo no papel dos Estados Unidos atualmente?

Chomsky - Sim. Mas não se deve esperar que os países mais poderosos sejam agentes da moralidade. Não faz sentido ficar elogiando esses países pelas coisas decentes que fazem. Os Estados Unidos deveriam, por exemplo, ter um papel fundamental na reconstrução de Gaza depois das terríveis agressões feitas junto com Israel - foi um ataque em conjunto, pois eles estavam usando armas dos EUA, é claro. A estrangulação de Gaza pelos Estados Unidos e Israel, apoiada pela União Européia, começou imediatamente após as eleições, que foram reconhecidas como livres e justas, mas os Estados Unidos não gostaram do resultado e punem as pessoas. É uma boa indicação da aversão extrema que as elites ocidentais nutrem pela democracia.

ISTOÉ - O sr. concorda que os intelectuais de hoje são menos engajados que nos anos 60 e 70, por exemplo?

Chomsky - Não concordo com isso. É uma ilusão pensar que intelectuais eram diferentes no passado. De modo geral, os intelectuais são altamente subordinados ao poder. Isso também era verdade nos anos 60. Veja, por exemplo, a guerra do Vietnã, que era uma questão importantíssima na época. Se você olhar o The New York Times ou outro jornal importante nos quais intelectuais se expressavam, a crítica mais forte que poderá encontrar da guerra é - bem, estou citando a crítica mais extrema - de que a guerra começou com esforços de fazer o bem, mas se transformou em um desastre com custos muito altos para nós mesmos.

ISTOÉ - O sr. dedicou a vida a pensar as questões mais importantes do mundo. Como se sente hoje?

Chomsky - Há passos em direção a um mundo mais livre, justo e democrático. Isso não cai do céu como um presente, vem da luta popular engajada. E, sim, ela tem sido muito bemsucedida. Então, na medida em que sou parte dela, eu me sinto feliz. Os movimentos populares que se desenvolveram a partir dos anos 60 tiveram um impacto muito significativo no mundo, de diversas formas. Veja um exemplo óbvio, das últimas eleições nos Estados Unidos: o Partido Democrata tinha dois candidatos, uma mulher e um afro-americano. Isso seria inconcebível 20 anos atrás.

fonte: http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2051/imprime127063.htm

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"Os Caminhos do Poder - Reflexões Sobre a Natureza Humana e a Ordem Social. 1998.
Noam Chomsky - pronto para "baixar":

http://www.scribd.com/doc/6945603/Os-Caminhos-Do-Poder-Noam-Chomsky e em

http://www.4shared.com/file/29291220/4f91d228/OS_CAMINHOS_DO_PODER_-_Noam_Chomsky.html

Muitas obras mais, para "baixar", em PDF

http://www.4shared.com/network/search.jsp?searchName=noam+chomsky&searchExtention=&searchmode=2

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O novo anti-semitismo

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O novo anti-semitismo

Umberto Eco

Do The New York Times
Sábado, 28 de fevereiro de 2009, 09h44



No mês passado, em resposta à guerra em Gaza entre Israel e o Hamas, o pianista Daniel Barenboim pediu que intelectuais ao redor do mundo assinassem um manifesto divulgando uma nova iniciativa para resolver o conflito (publicado recentemente pelo The New York Review of Books). A princípio, a intenção é quase ridiculamente óbvia: O objetivo principal é juntar todos os recursos possíveis para propor uma mediação vigorosa. Mas o mais significativo é que um grande artista israelense é o responsável pela iniciativa.

É um sinal de que as mentes mais lúcidas e os pensadores mais profundos de Israel estão pedindo que as pessoas parem de se perguntar que lado é o certo ou o errado e trabalhem para a coexistência dos dois povos. Sendo assim, os protestos contra o governo israelense são compreensíveis, não fosse pelo fato de que estes protestos possuem normalmente um tom anti-semita.

Se os protestantes não demonstram uma postura anti-semita explícita, a imprensa o está fazendo nos dias de hoje. Já vi artigos que mencionam - como se fosse a coisa mais óbvia do mundo - "protestos anti-semitas em Amsterdam" e coisas do gênero. É algo que já ficou tão banalizado que o anormal agora é pensar que seja algo anormal. Mas vamos refletir se seria correto definir um protesto contra a administração Markel na Alemanha como antiariano, ou um protesto contra Berlusconi na Itália como antilatino.

Neste curto espaço é impossível resumir os problemas centenários do anti-semitismo, suas ressurgências ocasionais, suas várias raízes. Quando uma postura sobrevive por 2.000 anos, já está impregnada de fé religiosa - de crenças fundamentalistas. O anti-semitismo pode ser definido como uma das muitas formas de fanatismo que envenenaram o mundo através dos tempos. Se muitas pessoas acreditam na existência de um diabo que conspira para nos levar à ruína, por que não poderiam acreditar também numa conspiração judaica para dominar o mundo?

O anti-semitismo, como qualquer atitude irracional orientada pela fé cega, é cheio de contradições; seus adeptos não as percebem, mas as repetem sem qualquer constrangimento. Por exemplo, nas ocorrências clássicas do anti-semitismo no século XIX, dois lugares comuns eram utilizados sempre que a ocasião assim pedisse. Um era que os judeus, que viviam em lugares apertados e escuros, eram mais suscetíveis do que os cristãos a infecções e doenças (e, portanto, eram perigosos). Por razões misteriosas, o segundo argumento era justamente que os judeus eram mais resistentes a pragas e epidemias, além de serem sensuais e assustadoramente fecundos, o que fazia deles invasores em potencial do mundo cristão.

Outro lugar comum foi amplamente utilizado tanto pela esquerda quando pela direita, e para exemplificar, eu cito um clássico do anti-semitismo socialista (Alphonse Toussenel, "Les Juifs, Rois de l'Epoque," 1847) e um clássico do anti-semitismo católico legitimista (Henri Gougenot des Mousseaux, "Le Juif, le Judaisme et la Judaisation des Peoples Chretiens," 1869). As duas obras sustentam o argumento de que os judeus não praticavam a agricultura e, portanto, eram distantes da vida produtiva dos países em que residiam. Por outro lado, eles eram também completamente dedicados às finanças, ou seja, a posse do ouro. Portanto, sendo nômades por natureza, e impulsionados por suas esperanças messiânicas, eles poderiam prontamente abandonar os estados que os acolheram e facilmente levar toda a riqueza com eles. Não vou comentar o fato de que outra ocorrência anti-semita daquele período, incluindo o notório "Os Protocolos dos Sábios de Sião", acusava os judeus de tentar se apoderar de propriedades para tomar seus campos. Como já foi dito, o anti-semitismo é cheio de contradições.

Uma característica proeminente dos israelenses é que eles utilizaram métodos ultramodernos para cultivar a terra, criando fazendas modelo e afins. Então, se eles lutassem, seria precisamente para defender o território em que eles se estabeleceram de forma estável. Este, acima de todos os argumentos, é o que os árabes anti-semitas usam contra eles, sendo que na realidade o objetivo principal deste tipo de árabe é destruir o Estado de Israel.

Em suma, os anti-semitas não gostam quando os judeus vivem em um país que não seja Israel. Mas, se um judeu decide morar em Israel, os anti-semitas também não gostam. Claro, eu sei muito bem da objeção de que o território onde hoje é Israel foi um dia palestino. Mesmo assim, ele não foi conquistado com violência aviltante ou com nativos dizimados, como no caso da América do Norte, ou mesmo pela destruição de estados governados por seus monarcas de direito, como na América do Sul, mas através migrações graduais e assentamentos que foram inicialmente aceitos.

De qualquer forma, enquanto algumas pessoas ficam irritadas quando aqueles que criticam as políticas de Israel são chamados de anti-semitas, aqueles que traduzem imediatamente qualquer criticismo às políticas israelenses com termos anti-semitas me deixam ainda mais preocupado.


Umberto Eco é filósofo e escritor. É autor de "A Misteriosa Chama Da Rainha Loana", "Baudolino", "O Nome da Rosa" e "O Pêndulo de Foucault". Artigo distribuído pelo The New York Times Sybdicate


http://noticias.terra.com.br/imprime/0,,OI3603669-EI12929,00.html

http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3603669-EI12929,00.html
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Mulher e a dominação do capital produtivo

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A mulher na ótica de dominação do capital produtivo

O que o capital faz é se apropriar destas diferenças como potencial de seu poder de transformar a diversidade em diferença comercial, mercantil.

As diferenças se transformam em classificações e potencializam negócios para aqueles que se apropriam privadamente delas. É assim como a divisão entre o trabalho feminino e o masculino; e atrelado a ela, o ser homem e o ser mulher, ganha, no capitalismo mais avançado, dimensões importantes tanto para a valorização do capital na produção (com remunerações cada vez menores do trabalho feminino e uma informalidade maior para a mulher), quanto no consumo (políticas de marketing e venda para grupos diferenciados).


Roberta Traspadini


Em meio à comemoração das conquistas manifestas pelo dia internacional da mulher, oito de março, o debate a ser aprofundado é sobre a particular funcionalidade da diferenciação entre homem e mulher no modo de acumulação capitalista.

Algumas perguntas serão sugeridas como forma dialógica sobre o tema.

Qual o sentido do trabalho para o capital?

O trabalho para o capital é a fonte geradora de parte expressiva de sua riqueza. É por meio do trabalho, mais bem, da apropriação privada do trabalho alheio que o capital avança, se reproduz, ao longo de seu desenvolvimento histórico.

Assim, o trabalho em todas as suas dimensões é quem gera o valor daqueles, que no capitalismo, possuem suas riquezas materiais.

Sem produção apropriada não há capitalismo. Sua fonte então é a de ao se apropriar do trabalho alheio, consumir parte crescente do tempo cotidiano do trabalhador.

E esse é um elemento central. Ao longo do desenvolvimento das forças produtivas, o trabalho vai ser moldado, em cada época histórica, para ampliar sua produtividade, sem que com isso melhore, todo o contrário, a situação de sobrevivência de grande parte dos trabalhadores mundiais.

É o capital quem cria as diferenças de gênero, raça-etnia e idade?

Não. Estas diferenciações são anteriores a esse modo de produção e também fazem parte dos processos históricos de cunho diferente do capitalista, como as sociedades latinas anteriores à colonização, bem como as sociedades orientais.

O que o capital faz é se apropriar destas diferenças como potencial de seu poder de transformar a diversidade em diferença comercial, mercantil. Isto significa dizer que o oportunismo do capital, provoca, para o trabalho, distinções que gerarão conflitos na compreensão de classe trabalhadora, tamanhas as diferenças de remuneração, ocupação dos postos de trabalho, e projeção entre trabalho intelectual e manual.

Com a apropriação destas diferenças, transformadas em negócios, o que o capital provoca é a produção de um poder ainda maior na sua construção ideológico-cultural, frente aos sujeitos que possuem somente sua força de trabalho como condição de sobrevivência.

As diferenças se transformam em classificações e potencializam negócios para aqueles que se apropriam privadamente delas. É assim como a divisão entre o trabalho feminino e o masculino; e atrelado a ela, o ser homem e o ser mulher, ganha, no capitalismo mais avançado, dimensões importantes tanto para a valorização do capital na produção (com remunerações cada vez menores do trabalho feminino e uma informalidade maior para a mulher), quanto no consumo (políticas de marketing e venda para grupos diferenciados).

Para o consumo, a distinção é essencial para caracterizar grupos, segmentos, indivíduos com a produção de necessidade comportamental de consumir para ser. Isto é muito importante: na sociedade capitalista de produção individualizada, fragmentada, só é cidadão aquele que, mais do que posse, tenha o desejo de consumir.

É a consolidação diabólica de transformar em desejo aquilo que não é realmente necessário. Aí entram em cena, ao invés das classes e de suas lutas, grupos sociais reduzidos a grupos consumidores, com formas específicas de consumo, com base em diferenciações étnico-raciais, de gênero e idade.

Essas diferenciações têm como função concreta, dispor de uma sociedade que, ao estar escravizada em uma ponta (produção), não pode estar livre na outra (consumo).

Por isso para o capital, o ser mulher, implica e não implica diferenças. Implica diferenças que, ao precarizar ainda mais o mundo do trabalho, pressionam para agudizarmos o conflito na luta de classes, com o objetivo de superá-lo. E, não implica diferenças na produção de valor desse modo particular de acumulação, que, com isto, requer que estejamos na luta, como classe organizada, homens e mulheres.

Mas isto significa que a luta da mulher é menos importante?

Não. Todo o contrário. Ao se aproveitar de forma oportunista de diversidade, transformando-a em diferenciação, concorrência, mercadoria, o que o capital faz é transformar o mundo do trabalho em grupos fragmentados que disputarão entre si posições a partir daquilo que, aparentemente, estão dispostos a receber. Aqui entra em cena o tema do trabalho assalariado “livre” para parte da sociedade. Outra parte, mais numerosa, classificada como desqualificada para o trabalho formal, é o que no mundo do trabalho fica caracterizado, pelo capital, como trabalhadores informais. Estes estão fora dos direitos e deveres da ordem burguesa, logo, necessitam ser vigiados e castigados.

Por isso e muito mais, a luta da mulher, como classe que vive do trabalho é imprescindível. É a partir da forma como somos encaradas, pelo capital, como mercadoria ainda mais precária que a mercadoria trabalho em geral, que a potencialização da nossa luta ganha dimensões ainda mais expressivas.

Em outras palavras, a particular forma de opressão e exploração vivida por nós mulheres, tanto no mercado de trabalho (formal e informal), quanto no processo de produção de valores politico-culturais, traz para a classe organizada, elementos substantivos de, ao compreender os mecanismos gerados pelo capital contra o trabalho, lutar organizada e coletivamente por sua superação.

Nossa histórica tarefa revolucionária é a de trabalhar por uma estratégia que supere esse modo de morte em vida, ora protagonizado por nossa classe, sob o domínio do capital. Nossa tática, como mulheres pertencentes à classe trabalhadora, se vincula à estratégia de, ao frear a extração de valor, lutar por um outro projeto de socialização da produção e das relações sociais que a dão vida.

(*) Economista, educadora popular e integrante da Consulta Popular/ES.
26/02/09


extraído de:
http://www.radioagencianp.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=6319&Itemid=43font

para ouvir o texto, na voz da autora - (6'10'' / 1,44 Mb):
http://www.radioagencianp.com.br/images/stories/notplan/mp3/2009/fevereiro/260209amulher.mp3

fonte da imagem:
http://4.bp.blogspot.com/_9EWM2CP5_HE/SIPGpClmEQI/AAAAAAAAAG0/2ysewbK-yyk/s320/03%2B%C3%BAtero.jpg
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Mulher na Filosofia

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Rede Internacional de Mulheres Filósofas

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Rede Internacional de Mulheres Filósofas

A UNESCO tem o prazer de anunciar a criação do Website da Rede Internacional de Mulheres Filósofas, um portal de informação mundial disponível para mulheres filósofas e outros amigos da filosofia.

O que é a Rede?

A Rede visa encorajar e a favorecer a solidariedade entre as mulheres filósofas e lhes oferecer reconhecimento e visibilidade. Para mais: inglês, francês

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Um dos principais objetivos da Rede é fornecer aos visitantes do website com um diretório de mulheres filósofas do mundo todo. Para mais: inglês, francês

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Toda mulher que trabalha no campo da filosofia ou que se relaciona com o mundo da filosofia, mesmo por intermédio de outra disciplina, pode integrar à Rede Internacional de Mulheres Filósofas. Para mais: inglês, francês

A Rede no mundo

A UNESCO encoraja que as próprias mulheres filósofas determinem o estabelecimento da Rede, suas estruturas independentes e suas nomeações de comissões nacionais e regionais de diversos países e regiões.

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Website da Rede: Línguas: inglês, francês

fonte
http://www.brasilia.unesco.org/areas/dsocial/areastematicas/filosofia/redemulheresfilosofas

Rede Internacional de Mulheres Filósofas no Brasil
http://www3.unesco.org.br/comunidades/comunespec/dsocial/RedeInternacionalMulheresFilosofasBrasil.pdf

Página em Inglês:
http://portal.unesco.org/shs/en/ev.php-URL_ID=11637&URL_DO=DO_TOPIC&URL_SECTION=201.html

Página em Francês:
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Em Inglês
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